Tanto nos empregos com carteira assinada quanto nos trabalhos por conta própria, em geral precarizados, o Rio de Janeiro apresenta um dos piores índices do país e a pior situação entre todos os estados das regiões Sudeste e Sul do Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, enquanto a economia fluminense registrou desemprego que ultrapassa os 12%, São Paulo ficou com taxa de desocupação de 9,2%, próxima da média nacional, para os meses de abril, maio e junho. Reflexos de uma economia que, segundo analistas, vive uma “crise dentro da crise” nacional, continuada e mais profunda, com raízes que remontam à perda da capital federal, passando pela deterioração econômica a partir da década de 1970 e por baixos índices de investimentos públicos. Para reverter isso, será preciso muito trabalho do governador que assumirá o estado nos próximos quatro anos.
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Candidato à reeleição, o atual governador, Cláudio Castro (PL), alega que, quando assumiu, o Rio de Janeiro tinha as contas no vermelho desde 2017. “Em 2021, o ano começou com um rombo de aproximadamente 23 bilhões de reais“, diz ele, acrescentando que focou em manter o estado no Regime de Recuperação Fiscal e em retomar o contato com as instituições e com os órgãos de controle. Depois vieram o leilão do saneamento e o PactoRJ, um pacote de investimentos de mais de 17 bilhões de reais em obras. “Entramos em 2022 com a execução orçamentária sem déficit nas contas. Além disso, o Rio fechou 2021 com superávit 4,1 bilhões de reais. A gestão ganhou reconhecimento, sendo a primeira a ter as contas aprovadas em oito anos pelo Tribunal de Contas do Estado, por unanimidade”, afirma ele, para quem o esforço trouxe o estado de volta à cena econômica do país. “Batemos o recorde na abertura de novas empresas (foram mais de 70 mil em 2021), seja recuperando os postos de trabalho perdidos durante a pandemia (o Rio saiu da última posição em geração de empregos do país, em 2019, para a 3ª colocação em 2021, totalizando, nesse período, 281.872 vagas de trabalho)”, diz o governador.
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Candidato do PSB, Marcelo Freixo diz que, se eleito, vai garantir previsibilidade e transparência para atrair investimentos e gerar empregos. O petróleo é uma de suas apostas para isso. “O Rio de Janeiro produz 80% do petróleo nacional, mas refina apenas 11%. Em parceria com o governo federal, nós vamos usar os recursos do petróleo para expandir a indústria naval, gerando emprego e renda, para que essa riqueza que produzimos não vá embora e beneficie as famílias do nosso estado”, planeja, além de aproveitar o óleo para para fazer a transição para geração de energia limpa. “Também vamos criar as Casas do Empreendedor em todo estado, para dar assistência jurídica, administrativa e qualificação profissional para os pequenos empreendedores”, acrescenta.
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Caso seja o novo ocupante do Palácio Guanabara, Rodrigo Neves (PDT) pretende investir em medidas para “simplificar, desburocratizar e reduzir com responsabilidade a carga tributária“. “Como fiz em Niterói, podemos reduzir tributos e ainda assim incrementar a arrecadação, e isso acontecerá porque os investidores vão se sentir confiantes para voltar a investir no Rio de Janeiro”, exemplifica o ex-prefeito da chamada Cidade Sorriso, que tem em seus planos incentivar o desenvolvimento das bases industriais e de serviços que existem e são potenciais no estado, como a indústria do óleo e gás, a indústria naval, o complexo industrial de defesa, da Saúde, a indústria do Audiovisual e economia criativa, o Turismo.
Paulo Ganime (Novo) tem como foco principal garantir o regime de Recuperação Fiscal do Estado. “É necessário que o estado faça sua parte, fazendo um enxugamento total da máquina, reduzindo despesas, evitando desperdícios e renegociando contratos. Vamos reduzir a quantidade de secretarias e rever os cargos comissionados”, promete, além de planejar aumentar a arrecadação “de forma responsável” e formar mão-de-obra, com a oferta de cursos técnicos e profissionalizantes para a população, o que beneficiaria empresas que venham a operar no Rio. “Neste mesmo contexto, vamos resolver a questão da segurança pública, tornando isso um trunfo para que as empresas voltem a ter intenção de se instalarem aqui”, conclui.
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Já o ex-governador Wilson Witzel (PMB) tem em sua plataforma a criação do Banco de Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de viabilizar do desenvolvimento econômico. “Por meio do Banco, poderemos oferecer condições de financiamento a juros mais baixos aos nossos agricultores e pequenos e médios empreendedores, com menor burocracia, aumentando a capacidade produtiva e a abertura de novos empreendimentos”. Witzel também pretende propor a federalização da dívida do estado junto ao Governo Federal, que está em torno de 180 bilhões de reais e dificulta a ampliação dos investimentos econômicos. “Com isso, conseguiremos reduzir nossa carga tributária, cujo ICMS é um dos mais altos do Brasil, e gerar mais empregos, mais turismo e mais desenvolvimento para o Rio de Janeiro”, diz o ex-governador.
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Candidato do PSTU, Cyro Garcia considera a situação do Rio de Janeiro “calamitosa” e afirma que as privatizações agravam a situação. “Para enfrentar o desemprego e a crise econômica é preciso romper com o plano de recuperação fiscal, e com a taxação de grandes fortunas“, defende. Ele também propõe um Plano de Obras Públicas, que cria empregos diretos e indiretos em obras essenciais para a população, além de investir em infraestrutura. Eduardo Serra (PCB) também tem a intenção de “inverter a matriz tributária brasileira para que os impostos incidam muito mais sobre as fortunas, os lucros e os dividendos das grandes empresas”. “Retiraremos a maioria das isenções de ICMS hoje concedidas, lutaremos para sejam canceladas as dívidas dos estados com a União e para que o ICMS do Petróleo produzido no estado do Rio de Janeiro fique aqui”, promete, acrescentando que vai fortalecer o estado e criar um Banco Público de Desenvolvimento para apoiar as micro e pequenas empresas, além de investir em infraestrutura e apoiar pequenos agricultores, para fazer uma reforma agrária. E Juliete Pantoja (Unidade Popular) diz que vai focar na realização de novos concursos para atender a falta de quadros no serviço público, principalmente nas áreas de educação e saúde. “Outro ponto central para nós é a reindustrialização do Rio, com a recuperação, em especial, da indústria naval, de engenharia e metalúrgica, encampando parques industriais abandonados“, completa. O candidato do PCO, Luiz Eugenio Honorato, não respondeu as perguntas enviadas sobre o tema.