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Minha casa, meu trabalho: empresas e funcionários se rendem ao home office

O home office adotado às pressas durante a pandemia se consolida como uma atraente opção para empregados e empregadores

Por Saulo Pereira Guimarães
Atualizado em 17 jul 2020, 21h39 - Publicado em 17 jul 2020, 06h00
Números: pesquisa com 800 pessoas aponta que 47% delas se sentem mais produtivas ao atuar de casa, e 36% mantêm a mesma produção de antes  (Getty Image/Reprodução)
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Debruçada sobre a Praia de Botafogo, a sede da Coca-Cola anda vazia desde 16 de março. Foi quando a empresa determinou que os cerca de 600 funcionários passariam a trabalhar em sistema remoto, de casa. Mesmo com o relaxamento da quarentena no Rio, ficou definido que a turma toda vai permanecer em home office até o fim de 2020.

Muitas outras companhias com base carioca já avisaram que vão seguir nessa direção, como o grupo francês PSA e a financeira XP. Voltar ao escritório, só a partir de janeiro, e a depender do caminhar da pandemia. “Os líderes perderam a resistência que existia porque o modelo on-line se mostrou realmente eficiente”, afirma Rachel Nascimento, gerente de recursos humanos da Shell.

O saldo positivo do sacolejo no mundo do trabalho, desencadeado pela crise sanitária, fez gigantes como Twitter e Facebook irem ainda mais longe: a distância pode se transformar na regra para aqueles funcionários que assim preferirem.

Houve, como esperado, um grande esforço de adaptação por parte de todos para implantar o esquema remoto de uma hora para outra. Empresas chegaram a dar uma mãozinha a seus empregados na hora de converterem cômodos de suas casas em escritórios.

A telefônica Oi disponibilizou cadeiras para os funcionários levarem consigo. Também montou uma plataforma para trocas de experiências ao longo do isolamento. Na GSK Consumo, o horário de almoço foi expandido em uma hora para que as pessoas pudessem ter tempo para cozinhar, comer e ainda dar conta da louça.

A Shell criou um serviço na internet a fim de dar dicas sobre ergonomia aos funcionários em seu novo habitat. “Para o funcionário se manter produtivo, ele precisa estar bem alojado e assistido, tanto na empresa quanto em casa”, frisa Luís Pinto, presidente da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades.

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Ainda que com algum susto e muitos ajustes – organizar a casa para acomodar pais trabalhando e filhos estudando, encontrar um canto silencioso e confortável – a fórmula agradou a muita gente, que cita a economia de tempo ao não ter de se deslocar até o escritório e o ganho de flexibilidade na organização do dia como vantagens.

Uma pesquisa da empresa de recrutamento Robert Half, que ouviu em maio 800 pessoas, aponta também que 47% delas se sentem mais produtivas ao atuar de casa e 36% mantêm a mesma produção de antes, sem prejudicar o andamento das tarefas. Um grupo de 11% faz um contraponto, lembrando que há mais obstáculos à concentração na reclusão do lar. “Como estamos diante de um cenário completamente atípico, muitos profissionais precisam administrar não apenas o trabalho, mas as tarefas de casa e da família. Assim que isso se normalizar, provavelmente terão mais facilidade com o home office”, avalia Vitor Silva, gerente de recrutamento da Robert Half.

Como é tudo muito novo, começam a surgir questões sobre as quais ninguém havia se debruçado no mundo pré-pandemia. Uma delas: como manter o elo das equipes com a empresa sem o contato direto, olho no olho? “Temos feito happy hours virtuais e usado muito a nossa rede social interna”, conta Simone Groissmann, vice-presidente de RH da Coca-Cola no Brasil. Iniciativas que buscam dar assistência aos funcionários e promover a interação entre eles incluem ainda aplicativos para monitorar a saúde mental da tropa e aulas de ginástica, ioga e meditação ó tudo via internet.

Apesar de já ter um protocolo pronto para a retomada das atividades, a GSK descobriu em uma pesquisa que 80% dos funcionários gostariam de continuar trabalhando de casa. A consolidação do lar como lugar de trabalho, tendência que certamente seguirá firme mesmo que de forma híbrida quando se restabelecer a normalidade, está fomentando a venda de cadeiras e outros apetrechos de escritório. “As pessoas perceberam que não dá para trabalhar sentado em cadeira de jantar ou banqueta e, em muitos casos, sabem que a situação se manterá no médio ou até no longo prazo. Por isso, investem em estrutura”, diz Ana Carolina Toyama, gerente de desenvolvimento e design do site da Mobly, especializada em decoração.

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Ex-engenheiro da Nasa, o americano Jack Nilles é apontado como o pai do home office por ter trazido ao mundo, nos anos de 1970, o conceito do teletrabalho – justamente uma época de crise energética em que poupar combustível era mais do que necessário.

Pensadores como Alvin Toffler profetizavam que a maioria das pessoas atuaria de casa em um futuro não muito distante, mas demorou para a ideia ser efetivamente digerida aqui e ali. Até que veio o novo coronavírus e, com ele, a experiência maciça do trabalho remoto, ainda estimulado pela exigência de cortar custos nas empresas nesta fase em que a economia patina. Estruturas fixas menores e mais baratas combinam com o momento. E assim, ao que tudo indica, o modo de trabalhar nunca mais será o mesmo.

Menos home, mais office

Ideias para criar um ambiente de trabalho organizado em casa

Escritório de bolso

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Quem não tem um cômodo disponível para converter em escritório pode improvisar com uma boa escrivaninha ou mesmo uma mesa, desde que o local preserve o mínimo de silêncio.

Bem sentado
Cadeiras com apoio lombar evitam sobrecarga no pescoço e no ombro. Ajuste a altura para que os pés permaneçam no chão. Encostos mais altos contribuem para o descanso das costas.

Luz e ar puro

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Um espaço iluminado e arejado ajuda a minimizar o cansaço e aumentar a concentração.

Distâncias essenciais
O espaço entre a cadeira e a mesa deve ser bem calculado, para não sobrecarregar os ombros (no caso de mesas altas) nem comprometer a coluna (no caso de mesas baixas).

Ponto de apoio
Importante dispor de um gaveteiro ou de prateleiras para guardar os pertences no fim do dia. Ambientes organizados favorecem o foco.

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