A temperatura agradável do início de junho, as poucas chuvas dos últimos dias e, segundo a previsão, dos próximos também, tudo isso é um convite para uma prática que o carioca adora: fazer piquenique. Seja na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Aterro ou no Parque Lage, sobram lugares para um bom convescote ? sinônimo divertido, pouco usual, para aquele encontro movido a ótimos amigos, comidas rápidas e toalhas quadriculadas. O curioso é que, de uns tempos para cá, essa atividade virou negócio, com empresas recém-abertas especializadas em preparar o piquenique dos sonhos. “Temos espaços públicos bacanas, não faz sentido não ocupá-los”, observa Lis Marcondes, dona da PicNic, de Santa Teresa. “Piquenique não tem de ser algo desorganizado”, reforça Ludmyla Almeida, da #vempropiquenique, de Ipanema.
O costume de comer em festas ao ar livre ganhou impulso no século XVII, especialmente entre a nobreza europeia. Por aqui, já sofreu preconceitos, com os habitués chegando a ser tachados de farofeiros. Hoje é rito de descolados. Alheia à discussão, a consultora de RH Luize Resende contratou a Viva Picnic, de Botafogo, para ajudá-la em sua festa de 30 anos. O evento foi um sucesso. “Terceirizar o serviço facilita a vida de quem, como eu, não dispõe de muito tempo”, diz Luize, frisando que, sozinha, não saberia, por exemplo, onde arranjar isopor e gelo, muito menos pensar em toda a infraestrutura necessária. As empresas bolam a decoração, podendo dar conta também do bufê (nada de frituras nem maionese em excesso) e oferecem mimos como cadeiras sem pés (ideais para a grama) e potinhos com cravos para espantar formigas. Claro que há um preço: dependendo do grau de sofisticação, mais de 100 reais ? por pessoa. E a festa tem duração fixa, perdendo muito de sua espontaneidade: a empresa monta tudo, faz a limpeza no fim, não deixa um farelo no chão, mas a brincadeira deve durar no máximo quatro horas. Convescote moderno é isso aí.