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Entidade divulga dossiê sobre violações aos direitos sociais em obras olímpicas

Remoções de comunidades, supressão de áreas verdes e entrega de patrimônio público são alguns dos problemas apontados

Por Agência Brasil
Atualizado em 5 dez 2016, 11h53 - Publicado em 23 set 2015, 16h19
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  • As obras para os Jogos Rio 2016 estão violando direitos sociais, provocando remoções de comunidades, supressão de áreas verdes e entrega de patrimônio público. As denúncias constam do documento Dossiê das Violações do Direito ao Esporte e à Cidade, divulgado na noite de hoje (22) pelo Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas.

    Nas 54 páginas estão listados diversos casos de irregularidades, segundo os ativistas. Eles citam o caso do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, onde ocorrerá a cerimônia de abertura dos Jogos. De acordo com o documento, administrado por um consórcio, o preço do ingresso, mais caro, afastou a população pobre das partidas de futebol.

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    O Estádio de Atletismo Célio de Barros, que faz parte do Complexo Maracanã, teve a pista de atletismo destruída, dando lugar a um estacionamento, deixando centenas de atletas que ali treinavam sem local para a prática esportiva. O mesmo ocorreu com o Parque Aquático Júlio Delamare, atualmente sem uso por causa das obras da Copa e das Olimpíadas. O dossiê cita ainda a Marina da Glória, cuja reforma resultou no corte de dezenas de árvores no Parque do Flamengo.

    O representante do comitê e um dos organizadores do documento, Demian Garcia Castro, disse que o dossiê foi elaborado com base em diversas visitas de inspeção aos locais das obras. “O que a gente encontrou foi abandono, destruição, privatização, dano ambiental e atletas sem treinar. A crítica é que, no caso dos Jogos Olímpicos, não se trata de esportes, mas de negócios. Não ficam legados esportivos nem uma cidade melhor para as pessoas. Ficará uma cidade mais segregada e excludente”, afirmou.

    Ele criticou a construção do campo de golfe olímpico, na Barra da Tijuca. Segundo Demian, o campo está sendo feito em uma área de proteção ambiental, quando existem outros dois campos de golfe na cidade que poderiam ser usados. “Foi construído em uma área de reserva ambiental em troca da construção de grandes apartamentos de luxo. Já tínhamos dois campos, que poderiam ser adequados às exigências olímpicas”.

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    O novo estádio de remo da Lagoa Rodrigo de Freitas, que foi privatizado, com direito a restaurante, casa de shows e cinemas é outra obra criticada por Demian. “Vários são os exemplos de um não legado, ou de um legado às avessas”. Quanto à remoção da Vila Autódromo, comunidade tradicional que fica ao lado do Parque Olímpico, ele disse que os maiores beneficiados serão os grandes proprietários de terra da Barra da Tijuca. “O legado social das Olimpíadas pode ser um apartheid social”.

    O lançamento do dossiê ocorreu na sede do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio, no centro da cidade. Ex-atleta Solange Chagas do Vale, presidente da Associação dos Atletas e Amigos do Célio de Barros, cobrou a reconstrução do estádio. “O Rio vai sediar uma Olimpíada e nós não temos local para treinamento, nenhum legado que ficará para a nossa modalidade, o atletismo. Queremos o estádio de volta, que reconstruam. É um patrimônio público que todos temos direito de usar. A Olimpíada veio para melhorar, não para nos deixar desse jeito, sofrendo”, afirmou.

    A prefeitura do Rio foi procurada para se manifestar sobre o dossiê, mas, até a publicação desta matéria, não havia se pronunciado.

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