O município do Rio já registra mais de 10 mil casos de dengue, com uma taxa de incidência de 160,68 por 100 mil habitantes, neste início de ano. Durante todo o ano de 2023, foram 22.959 casos. Os dados foram divulgados nesta sexta (2) pelo secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, que confirmou que a cidade enfrenta uma epidemia da doença e divulgou uma série de medidas para combatê-la.
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“Um aumento do número de casos sustentado ao longo do mês, com repercussões na rede assistencial é a caracterização de uma epidemia clássica. Então não há porque a gente não ligar o alerta e falar que é um cenário epidemiológico real. Estamos numa epidemia de dengue na cidade do Rio de Janeiro”, afirmou Soranz, acrescentando que, também para configurar epidemia, é necessário ter um alto número de casos espalhados em mais de uma região da cidade: “E isso acontece no município do Rio. Nos últimos 90 dias, a curva é ascendente, chegamos a ter, num único dia, 569 casos notificados. Estamos bem acima do que é considerado limiar muito alto, o que configura a situação epidêmica na cidade do Rio”. Já o estado do Rio de Janeiro aparece na sétima posição em número de casos no país, com 17,7 mil registros. A maior incidência está na população adulta, em especial nas faixas etárias de 30 a 39 anos e de 40 a 49.
Ao lado do prefeito Eduardo Paes o secretário apresentou o plano de contingência para o enfrentamento da epidemia, durante entrevista nesta sexta (2), no Centro de Operações Rio (COR). O planejamento prevê uma série de medidas para a assistência da população e o combate ao Aedes aegypti, o mosquito transmissor da virose e também da zika e da chikungunya. Entre as estratégias estão a criação do Centro de Operações de Emergência (COE-Dengue); a abertura de dez polos de atendimento para a doença distribuídos por toda o município; a dedicação de leitos para pacientes com dengue nos hospitais da rede municipal; a entrada compulsória em imóveis fechados e abandonados e o uso de carros fumacê nas regiões com maiores incidências de casos. Serão 16 carros para aplicação espacial do inseticida UBV.
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“Estamos apresentando as medidas que vamos tomar, mas eu faço um apelo enfático à população de que não adianta só apontar o dedo para os governos ou culpar o mosquito. Nós, enquanto cidadãos, acabamos criando o ambiente propício para a proliferação da dengue”, disse Paes. As principais recomendações para a população são evitar água parada em suas casas em recipientes como vasos de planta, pneus velhos, tonéis d’água, piscinas, garrafas e vasilhames, entre outros; limpar periodicamente locais como lixeiras, ralos, bebedouros de animais e outros objetos que possam acumular água; não despejar lixo irregularmente em terrenos baldios e outros locais inadequados.
No município do Rio, a combinação de altas temperaturas (que acelera a eclosão dos ovos e o desenvolvimento das larvas), chuvas frequentes (que forma os acúmulos de água) e a circulação de três sorotipos da doença (DENV1, DENV2 e DENV4) torna o cenário mais favorável à ocorrência da doença. A Zona Oeste, em especial as regiões de CampoGrande/Santíssimo/Guaratiba e Santa Cruz/Paciência/Sepetiba, é a que registra as maiores taxas de incidência de dengue. Somente este ano, agentes de vigilância em saúde já inspecionaram 381.652 imóveis em toda a cidade, com tratamento ou eliminação de 98.688 recipientes que poderiam servir de criadouros do mosquito. Em todo o ano de 2023, foram mais de 11 milhões de inspeções em imóveis e mais de 2 milhões de potenciais criadouros eliminados.
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A SMS iniciará a vacinação de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos contra a dengue no município do Rio tão logo os imunizantes estejam liberados pelo Ministério da Saúde. A expectativa é de que em uma semana toda a população-alvo esteja vacinada, o que representa 354 mil indivíduos. A vacina estará disponível em todas as 238 unidades de Atenção Primária e no Super Centro Carioca de Vacinação. O imunizante confere proteção contra os quatro subtipos do vírus da dengue existentes (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4) e por isso deve ser aplicado inclusive em quem já teve a doença.