Em meio aos laboratórios da Fundação Oswaldo Cruz, em Manguinhos, chama atenção um pavilhão em estilo eclético, repleto de baias destinadas a abrigar um plantel de cavalos. Erguida em 1904, a cavalariça era uma peça fundamental para o processo de produção de vacinas da instituição. Na época, os equinos eram uma espécie de fábrica viva do soro imunizante contra doenças como varíola e peste bubônica. Por décadas, o galpão de 500 metros quadrados, construído sob as diretrizes do próprio Oswaldo Cruz, simbolizou o que havia de mais moderno na fabricação de imunizantes. O local era dotado de novidades como equipamentos que, com o processamento de estrume dos animais, produziam o gás utilizado em sua iluminação, um sistema automático de distribuição de água nas baias e um mecanismo elevado de roldanas para o transporte de forragem.
Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico em 1981, a cavalariça acaba de passar por uma minuciosa restauração que lhe devolveu as características originais, com os estábulos azulejados e divisórias em estilo art nouveau. A ideia é que ela seja aberta ao público no ano que vem para visitação e exposições — a primeira, batizada de Complexidade e Diversidade da Vida, já está programada para o segundo semestre e terá como tema as relações entre microbiologia, saúde humana e meio ambiente. “O cenário que hoje cerca a Fiocruz, formado pela Avenida Brasil e pelo Complexo da Maré, é muito diverso daquele que havia nos tempos em que a cavalariça foi criada”, explica o arquiteto Bruno Teixeira Sá, responsável pela supervisão da obra. “Com a reforma no interior da cavalariça, estamos buscando um resgate desse passado”, conclui.