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Instituição em Botafogo promete misturar tradição e inovação

Financiada pelo homem mais rico do país e inspirada nas melhores instituições de ensino do mundo, o colégio que funcionará no prédio da antiga Casa Daros começa a selecionar seus alunos

Por SOFIA CERQUEIRA
Atualizado em 2 jun 2017, 12h11 - Publicado em 25 mar 2016, 01h00
Equipe que está à frente da Escola Eleva
Equipe que está à frente da Escola Eleva (Felipe Fittipaldi/)
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A escolha do colégio ideal para os filhos sempre acarreta dúvida e hesitação aos pais. É melhor apostar em uma instituição tradicional, que preze pelo rigor acadêmico e lidere o ranking dos exames de qualificação, ou outra com proposta mais alternativa, em que a criatividade seja a prioridade? E o que dizer das que oferecem currículo internacional, com a garantia de fluência em um segundo idioma e preparo para uma faculdade no exterior? A partir de 2017, os cariocas terão mais uma opção, que promete ser diferente de todas as anteriores sem, entretanto, abrir mão do que elas têm de melhor. Trata-se da Escola Eleva, sediada no prédio histórico onde funcionou a Casa Daros, que terá um padrão de excelência inédito no Rio. Com a ambição de reproduzir por aqui iniciativas bem-sucedidas de alguns dos melhores colégios do mundo, será adotado o regime de turno integral, das 8 às 16 horas. Bilíngue da educação fundamental ao ensino médio, a instituição propõe-se a formar alunos fluentes em inglês. Paralelamente à grade curricular tradicional, será oferecido um leque de vinte disciplinas eletivas para atender aos interesses individuais dos alunos. O financiamento da empreitada está a cargo do fundo Gera Venture Capital, que tem como principal investidor Jorge Paulo Lemann, dono de uma fortuna estimada em 30 bilhões de dólares, que o torna o homem mais rico do Brasil e o 19º do mundo. Tanto o fundo quanto a instituição de ensino não revelam valores, mas estima-se que os recursos consumidos são da ordem de 100 milhões de reais. “Apoio a criação de uma escola de referência por achar que melhorar a educação é essencial para termos um Brasil mais justo, pragmático e competitivo no futuro”, declarou Lemann a VEJA RIO. O burburinho em torno da escola é tamanho que 500 famílias já demonstraram interesse em matricular seus filhos ali. E o frisson deve aumentar a partir de 11 de abril, quando começam as inscrições formais para o processo seletivo no site da instituição.

 A escola que abrirá as portas em Botafogo é a face mais reluzente do grupo Eleva Educação, criado em 2013 e também mantido pelo fundo Gera. Com 30 000 alunos, o conglomerado de ensino possui 55 unidades nos estados do Rio, Minas Gerais e Paraná, divididas entre as redes Pensi, Elite, Coleguium e Alfa. Para a criação da Escola Eleva, partiu­-se de um conceito bastante simples: em vez de tentar inventar a roda, procurou-se buscar mundo afora iniciativas relevantes na área de educação que pudessem ser adaptadas à realidade local. Seguindo essa orientação, especialistas da Eleva Educação visitaram universidades e outras instituições de ensino que são símbolos de excelência e inovação, como a Universidade Stanford e a rede Kipp, nos Estados Unidos, a Innova, no Peru, e a Gems, nos Emirados Árabes. Eles conheceram também instituições na Inglaterra, em Singapura, na Índia e na Finlândia, país que virou referência mundial na educação de primeira linha. O grupo ainda manteve contato com várias instituições nacionais, como a Escola Parque, no Rio, e a Escola Americana de Brasília (EAB), antes de consolidar o currículo da nova unidade. A ideia é estimular ao máximo aspectos como o pensamento crítico, o trabalho em equipe, a comunicação, a perseverança e a pró-atividade, valores muito apreciados no universo corporativo. “Três pilares são nosso norte: excelência acadêmica, habilidades de vida, com temas que vão além da sala de aula, e cidadania global”, reforça Duda Falcão, 33 anos, formada em administração pela Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, que comanda a empreitada e conversa pelo menos uma vez por semana com o dono da maior cervejaria do planeta, a AB InBev.

Jorge Paulo Lemann
Jorge Paulo Lemann ()

Famoso pela ousadia nos negócios e por pregar a cultura da eficiência, o carioca radicado na Suíça Jorge Paulo Lemann não é um neófito no universo da educação. Em 1991, criou a Fundação Estudar, que oferece bolsas no Brasil e no exterior para jovens talentos, junto com os sócios Beto Sicupira e Marcel Telles. Onze anos depois, lançou a Fundação Lemann, para capacitar professores e apoiar projetos na área. Ambas são entidades sem fins lucrativos. O Eleva Educação é, antes de tudo, um negócio que garante a própria sustentabilidade. A superescola tem recebido especial atenção do bilionário. Ele visitou as instalações, um espetacular edifício de 1866 criteriosamente restaurado, e ajudou a fechar sua compra, em agosto passado — apenas essa transação consumiu dois terços dos recursos dispensados ao empreendimento. O bilionário ainda entrevistou os dois candidatos finalistas ao cargo de diretor da unidade — o nome do escolhido tem sido mantido em sigilo, mas sabe-se que ele vem de outro estado. A mensalidade do novo centro de ensino, com carga horária estendida e almoço, ficará na faixa de 3 500 reais. Um valor bem razoável se comparado a outras prestigiadas instituições, como a Escola Britânica (taxa de adesão de 28 000 reais e mensalidades de até 5 600 reais), a Escola Americana (joia de 6 500 dólares e valor mensal que chega a 6 400 reais) e o Colégio PH (até 4 200 reais por mês no ensino médio). Para encabeçar o arrojado projeto de ensino, além de Duda Falcão, foram convocados, tanto no fundo Gera quanto no Grupo Eleva, quatro jovens empreendedores, que têm entre 33 e 35 anos, com formação e especialização em universidades no exterior ou que passaram com notas estupendas pelo funil do Instituto Militar de Engenharia (IME) e da UFRJ. “Acredito na equipe baseado nos resultados que ela vem obtendo na área educacional nos últimos anos”, acrescenta Lemann, conhecido também por ser um grande defensor da meritocracia. Não à toa, quatro unidades das redes Pensi e Coleguium estão entre as quinze primeiras colocadas do Enem.

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QUADRO MATÉRIA EDUCAÇÃO - Cópia

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Com a Escola Eleva, o prédio da Rua General Severiano, que abrigou, entre 2013 e 2015, o museu Casa Daros, volta às origens. O local foi construído para ser a sede do Educandário Santa Teresa e, posteriormente, recebeu os alunos do Colégio Anglo Americano. Da mesma forma como aconteceu com a proposta educacional, o arquiteto Miguel Pinto Guimarães, responsável pela obra, visitou escolas nos Estados Unidos e na Europa em busca do que há de mais inovador e eficiente. A instituição, que abrirá a princípio com 150 vagas e quer chegar a 1 000 alunos em seis anos, terá trinta salas de aula, cinco laboratórios, uma biblioteca de três andares, um auditório e ambientes de arte e música. Como nos centros de vanguarda, as aulas serão dinâmicas: há espaços tradicionais, no formato de anfiteatro, e locais onde os estudantes ocupam o centro da sala. No que diz respeito ao conteúdo curricular, a escola está firmando várias parcerias, como a que visa à formação musical dos alunos com a Orquestra Sinfônica Brasileira. Centro de excelência no ensino, a Universidade Stanford, na Califórnia, deve encabeçar o treinamento de professores. Outro projeto em andamento é uma aliança com o programa TEDx, que promove palestras sobre ideias inspiradoras. Na área esportiva, estão sendo avaliados acordos com uma renomada escolinha de futebol (Paris Saint-Germain, Barcelona ou Zico) e com a Escolinha de Vôlei Bernardinho. “Sou fã da proposta. Assim como nós, eles acreditam que o esporte é uma ferramenta para a educação e pode desenvolver valores como cooperação e superação”, diz o técnico Bernardo Rezende, o maior detentor de títulos na história do esporte.

QUADRO MATÉRIA EDUCAÇÃO_2 - Cópia
QUADRO MATÉRIA EDUCAÇÃO_2 – Cópia ()
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Num país que ostenta alguns dos piores índices de educação do mundo — ficou em 57º lugar entre 65 nações analisadas pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes —, a Escola Eleva propõe-se a ser uma ilha de excelência. Além do ensino forte em matérias básicas, os alunos terão aulas de noção financeira, sustentabilidade e diversidade. Como exemplo desse último quesito, a organização reservará entre 5% e 20% de suas vagas a bolsistas, que deverão preencher dois requisitos combinados: necessidade e mérito. Antenada com o que já é habitual em instituições no exterior, a unidade terá um laboratório de maker space, movimento que teve início em grandes centros educacionais, como a Universidade Harvard. Com equipamentos como  cortadora a laser e impressora em 3D, será oferecida aos alunos a oportunidade de concretizar ali mesmo suas ideias. Ainda com o intuito de aguçar a criatividade dos estudantes, eles serão expostos ao conceito de design thinking. A metodologia consiste em apresentar um desafio e realizar discussões, torneio de ideias e dinâmicas de grupo para encontrar soluções para os mais variados problemas. “Essa escola nasce com uma clara missão: prover um ensino de excelência, que abarque conteúdo e competências, para formar um cidadão completo, que tenha compromisso com a comunidade e o mundo ao seu redor”, explica o economista Claudio Haddad, criador do Ibmec e um dos investidores do fundo que financia a escola, ao lado de Lemann. “A ideia é construir uma instituição sólida, que seja referência no Rio pelos próximos 100 anos”, completa o diretor acadêmico da Eleva, Marcio Cohen. Levando-se em conta que o projeto não receberá nem um tostão de recurso público e tem por trás um dos empresários mais respeitados do planeta, a escola tem tudo para ser um sucesso.

Escolinha de futebol do Paris Saint-Germain
Escolinha de futebol do Paris Saint-Germain ()
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