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Despesa exorbitante com material escolar, fila dupla de veículos na porta que atravanca o trânsito, e a família tendo de acordar bem cedo para que ninguém chegue atrasado à aula. São mazelas típicas de começo de ano letivo que pais e filhos se veem obrigados a engolir, ou às quais precisam, no mínimo, se adaptar. Menos mau que outro velho problema que vinha à tona nesta época tenha perdido a força. Até pouco tempo atrás, era comum ver nas ruas estudantes com as costas envergadas, tal o peso de sua mochila. Porém, atentos à demanda dos pais e às reclamações da garotada, diversos colégios vêm tomando medidas para acabar com o transtorno, que se configura mais grave no ensino fundamental, que vai do 1º ao 9º ano, em razão da idade das vítimas. Uma das iniciativas mais simples, e efetivas, é a instalação de pequenos armários nos quais os alunos podem deixar o material e ficar livres da obrigação do leva e traz entre a casa e a escola. No Colégio Cruzeiro, por exemplo, a partir do 5º ano, cada matriculado ganha um compartimento exclusivo para guardar as encadernações. “Minha filha está se sentindo mais responsável com a novidade, mas o melhor de tudo foi a redução do peso na bolsa”, diz a dentista Daniela Costa Ferreira, mãe de Maria Eduarda, de 10 anos.
A parte mais complicada tem sido incutir na criançada a necessidade de ordenar o material corretamente tanto para levá-lo de casa para a escola quanto no caminho contrário. Para evitar que os alunos deixem no armário livros e cadernos que serão usados para o dever de casa, a Escola Nova, na Gávea, designou um monitor para cada sala que controla toda a bagagem a ser transportada após a jornada. No Colégio Teresiano, no mesmo bairro, o estímulo se repete. Tanto é que quase a metade de seus 1?000 matriculados aderiu aos armários. Vem ao encontro desse conforto a facilidade que as novas tecnologias propiciam. Desde 2013, os alunos do ensino médio do Centro Educacional da Lagoa (CEL) têm a opção de acessar parte do conteúdo didático em um livro digital. O tradicional Santo Inácio e outras instituições também usam a internet como apoio educacional. Apesar do esforço geral, ainda há mochilas pesadas demais. Maria Eduarda, por exemplo, costuma levar 5,3 quilos na bolsa escolar, montante que corresponde a pouco mais de 10% do peso da menina, índice que está no limite do aceitável (veja outros casos ao lado). “O ideal é o uso de mochila com rodinhas”, diz o ortopedista Edilson Forlin, presidente do comitê de campanhas públicas da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, criticando ainda o mau hábito da moçada de pendurar as alças apenas em um dos ombros. Com a série de iniciativas em vigor, os colégios começam a aliviar a coluna dos alunos. Seria ótimo se fizessem o mesmo com as mensalidades.