Instalado a cerca de 80 quilômetros da capital, no limite entre os municípios de Seropédica e Nova Iguaçu, o sistema de tratamento de água do Rio Guandu é responsável por processar 80% de todo o volume consumido na cidade, garantindo o suprimento diário para 9 milhões de pessoas. Inaugurado em 1955, e com capacidade para tratar 43?000 litros de água por segundo, é considerado, até hoje, o maior do tipo no mundo. Agora, ele vai passar por uma expansão inédita. Recursos da ordem de 3,4 bilhões de reais serão aplicados na construção de uma estação localizada ao lado da original. Denominada Guandu 2, terá capacidade para tratar 12?000 litros de água por segundo, o que vai beneficiar a Baixada Fluminense. O montante representa um aumento de 70% na oferta disponível para essa região. A promessa é que, ao ser concluída, a estação represente um importante alívio ao abastecimento do Rio, contribuindo também para que os problemas de falta d?água deixem de ser tão corriqueiros na própria cidade. Para que o volume adicional do líquido chegue às torneiras, deverá ainda ser implementada uma nova rede de distribuição. O prazo para a conclusão da obra é de 48 meses, mas a previsão é que os primeiros reservatórios entrem em operação já em 2015. “Quando o projeto for iniciado, representará o maior investimento desse tipo no país”, afirma o presidente da Cedae, Wagner Victer. “O empreendimento garante suprimento pelos próximos trinta anos e vai pôr um fim no fornecimento intermitente que ainda existe em alguns lugares”, promete.
A água será captada no mesmo ponto em que se encontra o desvio para a estação original. Apesar do funcionamento independente, ambas as estações vão utilizar a mesma tecnologia de tratamento. Após passar pela represa, a água segue uma trajetória que inclui filtros, tanques e reservatórios até se tornar ideal para o consumo. É uma tarefa complexa, que exige investimentos elevados. Com a ocupação desordenada das margens do Guandu, a deterioração da água obrigou a Cedae a utilizar uma crescente quantidade de produtos químicos. Por dia, são despejadas ali 140 toneladas de sulfato de alumínio, 20 de cloreto férrico e outras 15 de cloro. A companhia também promete atacar esse problema. A ideia é iniciar um desvio dos córregos que deságuam no rio. Ao atravessarem comunidades carentes, esses riachos tornam-se pútridos e carregam todo tipo de detrito e esgoto. Os cursos d?água seguirão por tubulações e serão despejados após o ponto de captação da água para tratamento. O projeto prevê ainda a retirada de quarenta famílias que vivem às margens do rio. Tratada com descaso histórico pelo poder público estadual, a proteção de rios e lagoas entrou para a agenda de urgências a ser enfrentadas nos próximos anos. Que os investimentos em Guandu finalmente saiam do papel e se somem a outros, como o saneamento da Baía de Guanabara e das lagoas da Barra, na proteção desse precioso e escasso bem.