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Estrelas em profusão

Ao trazer celebridades da política internacional, além de milhares de visitantes anônimos, a Rio+20 é o primeiro teste de verdade para os grandes eventos que a cidade vai receber

Por Ernesto Neves
Atualizado em 5 dez 2016, 15h33 - Publicado em 13 jun 2012, 19h11

Forte esquema de segurança em cada esquina, faixas exclusivas para a circulação de veículos oficiais e uma multidão de visitantes de variadas procedências determinada a debater o futuro do planeta. Essa é a atmosfera carioca da próxima quarta até o dia 22, período em que a cidade recebe a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Assim como ocorreu na Rio-92, encontro realizado há duas décadas com 117 presidentes e que deu origem ao atual, está previsto o desembarque de uma legião de chefes de estado e de governo. A expectativa é que pouco mais de uma centena deles participe da reunião, incluindo o novo presidente da França, François Hollande, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, o controvertido iraniano Mahmoud Ahmadinejad e a secretária de Estado americana, Hillary Clinton (veja ao lado). Quartel-general das negociações diplomáticas, o Riocentro se transforma numa minicidade por onde vão circular 43?000 pessoas diariamente, entre convidados, debatedores e funcionários da organização. Os cinco pavilhões do complexo abrigarão dez salas de reunião, além de um espaço para videoconferência e praça de alimentação, numa área total de 100?000 metros quadrados, o dobro em relação ao encontro de 1992. Todos os discursos terão transmissão ao vivo pela internet. “Será a conferência mais digitalizada e segura já feita no país”, afirma o diplomata Laudemar Aguiar, responsável pela logística da Rio+20.

clique na imagem abaixo e confira quem são chefes de estado e artistas que dão peso à conferência promovida pelas Nações Unidas

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Há um ano Aguiar se dedica a montar o quebra-cabeça que é preparar um encontro dessa magnitude, com a presença de delegações de 176 países e a movimentação de diversos setores da economia municipal. Logo de cara, os organizadores depararam com um problema previsível: como acomodar 50 000 visitantes nos 32 000 quartos da rede hoteleira carioca? Em relação aos estabelecimentos de alto luxo, à altura dos convidados vips, a escassez foi ainda mais gritante. Para dar vazão a tantas estrelas, a organização recorreu a hotéis-butique e se sentiu aliviada quando o Copacabana Palace decidiu adiar sua reforma para que pudesse acolher dezesseis delegações. Todos os seus 243 aposentos estão reservados para participantes do encontro. Apesar da discrição que envolve o tema, sabe-se que um de seus hóspedes é o bilionário dirigente do Catar Hamad bin Khalifa al-Thani. Ele se dispôs a pagar até 5?600 reais pela diária no hotel, que vai receber toda a sua comitiva, com 100 integrantes. Bem mais enxuta, a delegação da União Europeia escolheu um concorrente do Copa: seus 25 componentes ficarão no Hotel Fasano, em Ipanema. Nem todos, no entanto, tiveram a mesma sorte. O déficit de vagas fez surgir uma turma de sem-teto, da qual não escaparam nem celebridades. Em cima da hora, o ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger descobriu que não tinha onde ficar. Tentou, em vão, alugar a mansão do empresário Olavo Monteiro de Carvalho, em Santa Teresa. Até a semana passada, ele ainda procurava um abrigo na cidade.

clique na imagem abaixo e saiba quais são as atrações paralelas

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Convertido à causa da sustentabilidade, como é de bom-tom a um político californiano, Schwarzenegger é uma das atrações da vasta programação que acontece em paralelo à conferência. Ele vai à Cúpula Mundial de Governos Regionais, no Parque dos Atletas, vizinho do Riocentro, falar sobre seu projeto, que exorta os prefeitos a reduzir o consumo de energia em seus municípios. Bem mais distante do centro de convenções de Jacarepaguá, há também uma série de palestras, exposições e apresentações voltadas para o tema (veja o quadro). No Aterro do Flamengo estão sendo montadas sessenta tendas para a Cúpula dos Povos, vertente do encontro destinada às organizações não governamentais. Uma estrutura do tamanho de um prédio de seis andares foi erguida no Forte de Copacabana para sediar o evento batizado de Humanidade 2012. Ali está prevista uma reunião do C40, grupo de prefeitos de metrópoles internacionais que debatem medidas contra o caos urbano. À frente da entidade está o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, outra personalidade aguardada na cidade.

Ao atrair tantas estrelas e uma multidão de anônimos, a Rio+20 será o primeiro teste de verdade para uma sequência de grandes eventos que vamos receber: a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016. Sinal dos tempos de UPP, desta vez não serão destacadas tropas do Exército para montar guarda nos morros, como ocorreu na Rio-92. Apesar da aparente calmaria, o Riocentro já está sob a vigilância de 100 agentes trazidos de Nova York, com o reforço de 1?200 homens do Exército e 800 policiais que atuam no entorno do complexo. Afinal, os olhos do mundo estarão voltados para cá. Será assim pelos próximos anos.

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