Além do apelido simpático, Fat Family, o traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, de apenas 28 anos, ostentava extensa folha corrida. Aos homicídios e outros crimes de que era acusado, acrescentou, em 19 de junho, um feito acintoso — escapuliu do Hospital Souza Aguiar, onde estava internado sob custódia. No resgate, realizado por 25 comparsas, um paciente foi assassinado e dois PMs, feridos. Começava ali a caçada que culminou com a morte de Family, na última segunda-feira, 26, após troca de tiros com agentes da Polícia Civil em uma região de mata na cidade de São Gonçalo. Sua gangue, baseada no Morro Santo Amaro, na Zona Sul carioca, apressou-se em decretar luto pela perda, extensivo ao comércio vizinho. E então se deu o disparate: lojas no asfalto, mesmo as mais próximas à 9ª Delegacia de Polícia, foram obrigadas a baixar as portas. A frequência nas escolas das redondezas também diminuiu. Na terça (27), o traficante foi velado na capela 7 e enterrado às 16h30 no São João Batista, cercado por gente interessada em se despedir, motoqueiros suspeitos e intensa movimentação policial. Transtornos como os vividos no Catete, em seu dia de Alemão, e depois em Botafogo, nas ruas em volta do cemitério, durante o sepultamento do bandido, reavivam na sociedade aquele sentimento ruim, mistura de medo e impotência, alimentado ao longo de muitos anos por balas traçantes iluminando o céu noturno e por notórias guerras de quadrilhas. A crônica macabra da semana ainda ganhou um toque de filme de gângster com o fuzilamento de Marcos Vieira de Souza, o Marcos Falcon, em Oswaldo Cruz, também na segunda (26). À luz do dia, o presidente da Portela, policial militar e candidato a vereador foi executado a tiros de fuzil dentro de seu comitê de campanha. A conclusão, com jeito de slogan, em homenagem às eleições, é a seguinte: este não é o Rio que queremos.