Experiências sensoriais e imersivas são as novas apostas de imobiliárias
Aliando tecnologia e criatividade, o mercado imobiliário oferece se aproxima dos clientes e todos saem ganhando
A sociedade hiperconectada e os constantes avanços em inovação, com desdobramentos que às vezes fazem lembrar a velha animação Os Jetsons, têm provocado profundas mudanças até em setores comerciais mais tradicionais. Vem sendo assim no concorrido mercado imobiliário, que corre para modernizar os processos envolvidos em sua vasta cadeia produtiva. Da concepção das plantas até a entrega das chaves, a ideia é encantar os potenciais clientes e, ao mesmo tempo, concretizar vendas. As maquetes dos estandes deram lugar a experiências com óculos de realidade virtual, painéis imersivos e até aromas.
“Um apartamento mexe com os sonhos das pessoas, e, por isso, transformamos as visitas numa viagem de sensações. Toda venda é uma sedução”, observa Marco Túlio Cabral, CEO da MR2 Construtora, que investe em cheirinho personalizado, passeio virtual pelo condomínio no metaverso e planta digital interativa no estande do residencial Mare, no Recreio. Está dando certo. Embora os primeiros moradores aportem por lá só em julho de 2026, 80% dos apartamentos já foram arrematados.
Uma década atrás, o interessado em comprar um imóvel visitava, em média, catorze condomínios até, enfim, tomar a decisão final. Hoje, com a ajuda de vídeos, fotos em 3D e tours virtuais, o número despencou para quatro visitas, segundo levantamento do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon). A pandemia tratou de dar um empurrão à modernização nos sistemas de venda, já que impôs interações a distância. “No auge do isolamento, percebi que as principais incorporadoras de Miami começaram a fazer lives nas redes sociais para lançar condomínios. Foi aí que fizemos nossa guinada tecnológica e passamos a implementar novas soluções”, lembra Alex Veiga, CEO do grupo mineiro Patrimar, que chegou ao Rio em 2021 centrando as atenções no mercado de luxo.
No lounge de apresentação dos residenciais Atlântico Golf e Oceana Golf, na Barra, cujo Valor Geral de Vendas (VGV) supera 2 bilhões de reais, os visitantes podem conferir, em telões em alta definição, a vista que se tem em 360 graus de cada andar dos edifícios. “Dessa forma, conseguimos fazer com que o cliente se sinta mais seguro ao investir em um imóvel que ainda está na planta”, avalia Veiga.
Em um setor onde eficiência econômica e sustentabilidade são vocábulos-chave, as inovações também têm efeito direto nas próprias construções. Foi-se o tempo em que uma obra era sinônimo de empilhar tijolo por tijolo. “Agora, as paredes são feitas a partir de formas de concreto, tipo um Lego da vida real, técnica que permite economizar bastante tempo”, explica Vinicius Birchal, gestor comercial da Sensia Incorporadora no Rio de Janeiro, do grupo MRV. As modernizações passam ainda por soluções de eficiência energética, como painéis solares e sistemas de ventilação automatizados, que não só são benéficos para o meio ambiente, como aliviam o bolso, gerando economia entre 50% e 95% na conta de luz.
No Sensia Barra, recém-lançado ao lado do shopping Via Parque, a inovação começa na planta, onde se oferece customização dos projetos de apartamentos antes mesmo de a obra começar. São 48 opções, mostradas ao cliente através de uma ferramenta digital. “Uma planta de três quartos pode ser remodelada para dois, com espaço de home office ou um closet, de acordo com as necessidades do morador”, diz Birchal.
Para se aproximar de potenciais compradores nos dias de hoje, vale até dancinha no TikTok. “O conteúdo produzido no aplicativo é altamente disseminado, impacta milhares de pessoas, então virou uma tendência em nossas estratégias de divulgação”, conta Carolina Lindner, diretora comercial da Performance, que vem apostando em vídeos curtíssimos, de edição ágil, sobre o HighLight Jardim Botafogo, erguido em parceria com a Opportunity.
Em frente ao shopping RioSul, o condomínio recém-entregue mira o público familiar com área de lazer de 8000 metros quadrados, onde estão instaladas três piscinas, quadra de tênis, spa e salas de ioga e crossfit, uma raridade na Zona Sul. Menos de 2% dos apartamentos ainda estão disponíveis para venda. “As ferramentas digitais transformaram o processo de compra, que antes era exaustivo, em algo assertivo, o que também reduz as chances de decepção”, ressalta Claudio Hermolin, presidente do Sinduscon. Mais um exemplo de que, se bem empregada, a tecnologia facilita a vida das pessoas e lhes amplia a visão em muitos sentidos.
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