A imagem surgiu na internet na manhã da última segunda (18), e era forte. A muitos parecia um bombardeio, algo que se costuma ver nas notícias sobre conflitos, por exemplo, no Oriente Médio, onde bólidos atravessam paredes de edifícios e invadem apartamentos. Dessa vez o prédio era aqui mesmo, em São Conrado, na Zona Sul, num condomínio a poucos quarteirões da praia, de frente para a Favela da Rocinha. O estrondo partiu de uma unidade no 10º andar, e os estilhaços se espalharam pelo bloco inteiro. Com buracos no concreto, móveis quebrados, canos abertos jorrando água sem parar, vidros no chão, a cena evocava mesmo um território conflagrado, e gerou 70 toneladas de entulho. No 1001 mora Markus Müller, 51 anos, empresário alemão que até quinta (21) permanecia internado num hospital, em estado grave, com queimaduras tomando metade do corpo. Muito se especula sobre o que exatamente aconteceu ali. Logo se aventou a possibilidade de um vazamento de gás ter provocado o acidente. Depois, falou-se em assalto. A própria vítima (que tinha cortes no tórax, nos braços e nas nádegas) chegou a descrever ameaças que teria sofrido de um invasor. Mistérios à parte, o fato é que dezenas de famílias vão permanecer meses fora de casa, morando provisoriamente com parentes ou em hotel — situação que lembra a dos desabrigados do Palace 2, na Barra, que desabou em 1998. Instalações hidráulicas e elétricas do Edifício Canoas ficaram totalmente comprometidas, e, mesmo dias após a explosão, paredes de gesso continuavam caindo, até em lugares distantes do foco inicial, caso da portaria.