Para o bem ou para o mal, Francisco Pereira Passos (1836-1913) foi um dos prefeitos mais marcantes que o Rio já teve. Na primeira década do século passado, ele ergueu túneis, reformou palácios e abriu avenidas, mas também derrubou cortiços, expulsou moradores da área central da cidade e, seu ato mais conhecido, deu início à derrubada das encostas do Morro do Castelo, dentro da política do bota-abaixo. As intervenções visavam a melhorar o saneamento do município, dando-lhe também aspectos de um urbanismo mais moderno. Recém-aberta no Centro Cultural Light, no Centro, a exposição sobre a vida e a obra do engenheiro que administrou a então capital federal entre 1903 e 1906 reúne, além dos feitos célebres de seu mandato, algo de mais íntimo. A origem de sua família, por exemplo, está lá, em fotos que revelam a opulência do ciclo do café em São João Marcos (hoje, Rio Claro). Há escritos de próprio punho e registros das viagens à Europa, onde forjou sua visão de gestão pública e cidadania urbana. Homem de muitos amigos, durante a juventude dividiu bancos escolares com Floriano Peixoto (o segundo presidente da República) e Oswaldo Cruz (notável médico e sanitarista). Ainda em 1856, no bacharelado em ciências físicas e matemáticas, havia sido da mesma turma de Benjamin Constant, militar e político a quem devemos a inscrição “Ordem e Progresso” na bandeira do Brasil. Quem visitar a exposição poderá se divertir ao montar o Rio de antigamente num mapa interativo, com ímãs mostrando os lugares que passaram por reforma na época de Pereira Passos.