No competitivo mercado de farmácias de manipulação, a disputa para chamar a atenção de médicos e clientes é acirrada. Nessa rinha constituída de formulações, soluções e cápsulas produzidas sob prescrição, algumas das principais redes da cidade resolveram inovar no marketing e vender seus produtos como se fossem doces. Nesses laboratórios, suplementos nutricionais e receitas médicas voltadas para emagrecimento e beleza são oferecidos com os apelativos nomes de sorvete anticolesterol, refresco anticelulite e chocolate fotoprotetor. Tal conduta tem rendido uma acalorada polêmica. A ousadia incomoda, por exemplo, a Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais, que reúne os profissionais do setor. “Nós nos sentimos desconfortáveis com esse tipo de propaganda. Eu mesmo prefiro uma abordagem mais técnica”, critica Ivan da Gama Teixeira, vice-presidente da entidade.
Apresentem-se os remédios em cápsula ou na forma de bala ou chiclete, o princípio ativo e os efeitos obtidos são exatamente os mesmos. O argumento em defesa dos doces medicinais é que eles tornam o tratamento mais agradável para o paciente. Profissionais que prescrevem os produtos, como a nutricionista Patrícia Davidson, apoiam a proposta. “A maioria dos meus pacientes acha o máximo, extremamente moderno. Eles preferem ingerir os produtos com aspecto de chocolate ou de refresco”, afirma. Para os laboratórios, os produtos não infringem nenhum princípio ético ou legal. “As apresentações estão dentro da lei e têm feito muito sucesso”, diz Cláudia Souza, sócia da Officilab, uma das farmácias que mais investem nessa estratégia. Controvérsias à parte, os hipocondríacos novidadeiros têm se esbaldado com as formulações com jeito de guloseima.