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Antonio Queiroz, da Fecomércio: “Em 3 meses avançamos dez anos”

Convidado do projeto "Os planos da retomada", o presidente da Fecomércio acredita que os novos hábitos de consumo criados durante a pandemia vão permanecer

Por Bruna Motta
Atualizado em 16 jun 2020, 18h07 - Publicado em 16 jun 2020, 17h59
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  • Antonio Queiroz, presidente da Fecomércio, foi o terceiro convidado da série Os Planos da Retomada, que busca debater com executivos e empresários soluções e estratégias para reerguer o Rio diante da crise provacada pela pandemia do novo coronavírus. O bate-papo aconteceu nesta terça (16), no instagram da Veja Rio, e foi conduzida pela editora-chefe da revista, Fernanda Thedim, que abordou desde os desafios para a reabertura gradual da economia até as transformações no consumo durante a pandemia. Abaixo, alguns trechos da conversa:

    Rio pré-coronavírus

    No segundo semestre de 2019, tivemos os saques do FGTS e a queda de juros, o que motivou o consumidor a ir às compras. No Rio, especificamente, o petróleo iniciava uma recuperação e isso contamina positivamente toda a economia carioca. O estado é extremamente dependente da indústria do petróleo. Não era algo momentâneo, estávamos indo de forma regular. Isso permitia acreditar que teríamos um ciclo de crescimento por um bom período.

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    Vírus versus economia

    A chegada da covid-19 simplesmente fez parar tudo. No primeiro mês da quarentena, em março, tivemos uma queda de 9%. Em abril, 13%. Foi um enorme impacto. O comércio é responsável por 70% do PIB do Rio. Nossa maior preocupação é o desemprego que está sendo gerado e o que ainda vai gerar. É um efeito multiplicador.

    Fase 2 da reabertura

    É importante entender: o que nos motiva a consumir é ter confiança e segurança. Nesse momento, ninguém vai sair para as ruas numa vontade louca de consumir sem a certeza que terá um emprego, sem estar tranquilo diante da economia e também não vai arriscar a própria saúde em lojas e ruas. Os lojistas precisam receber seus clientes com extrema segurança. Os lugares precisam ser claros, arejados e sem aglomeração. É preciso também um investimento razoável em tecnologia, para criar condições de comercialização rápida e fácil. O menor período possível no local.

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    Lojas de ruas

    Na reunião que tivemos com o prefeito, me causou espanto quando vi que o comércio de rua seria autorizado apenas na terceira fase. Primeiro viriam os ambulantes e shoppings. Até questionei: vai aglomerar todo mundo nos shoppings? É um ambiente fechado, menos favorável. As micro e pequenas empresas são as que mais emprega. Estamos pleiteando para que a prefeitura antecipe o comércio de rua ainda essa semana.

    Crescimento pós quarentena

    O comércio não vai se recuperar de uma forma para outra, mas vai gradativamente conseguir. Com certeza não serão os mesmos hábitos e nem o mesmo comércio. Novas culturas e hábitos vieram para ficar. Passou a existir um volume enorme de consumidores que começaram a utilizar o comércio eletrônico. Em três meses evoluímos o que estávamos planejando fazer em dez anos. São novidades que vieram para ficar.

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    Comércio eletrônico

    75% do nosso comércio não tinha plataforma online. Existia uma certa resistência das lojas tradicionais, aquelas de bairro. Uma pesquisa da Fecomercio demonstra que 78% das pessoas que passaram utilizar o comércio eletrônico vão continuar utilizando depois da pandemia. É um hábito que veio para ficar. Um exemplo bem-sucedido foram os sistemas bancários. Antes todo mundo tinha resistência, e agora as pessoas migraram de vez. Elas quebraram esse temor. Pessoas com mais de 70 anos estão aprendendo a fazer compras online.

    Novo normal

    Essa pandemia acentuou as diferenças e mostrou que precisamos reverter isso com a maior urgência. Uma sociedade só é boa quando ela é boa para todos, justa para todos. Não adianta fechar os olhos.

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