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Nos bastidores da comédia

Em entrevista a VEJA Rio, o humorista Fernando Caruso, conhecido por seus olhos saltados, revela sem parcimônia: 'Modéstia à parte, sou um cara pegador'

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 5 jun 2017, 14h48 - Publicado em 4 out 2011, 16h56
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Divulgação (Felipe Fittipaldi/)
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O que é, o que é? Ele tem 31 anos e gostaria de se chamar Sr. Miyagi, mas jamais Espiridião. No Twitter, garante que é o Homem-Aranha, seu personagem preferido dos quadrinhos. É formado em Publicidade e Propaganda pela PUC-Rio, ator, humorista, diretor, vocalista de uma banda sem nome, professor, autor do livro Z.É.: Zenas Escrevinhadas (Editora Caravansarai), além de ter programas na TV e no rádio. Opa! Falou em Z.É., falou em Fernando Caruso. Entre mil e um projetos, o humorista-quase-super-herói em cartaz no stand-up Comédia em Pé está de volta com Marcelo Adnet, Gregório Duvivier e Rafael Queiroga na 21ª temporada de Z.É. – Zenas Emprovisadas, show de humor improvisado que reestreia nesta terça (3) no Vivo Rio e já levou mais 120 mil pessoas ao teatro desde 2003. Na quarta (4), o artista se apresenta no projeto Comédia e Música, no Miranda, nova casa de shows da Zona Sul. Nos dias 25 de abril e 2 de maio é a vez de colocar todo mundo para dançar ao som da banda The Collets, da qual é vocalista. No set list, releituras de I gotta feeling, I hate this part, Pulp fiction, Eclipse oculto, As 7 vampiras, entre outras.

Não é de se estranhar que o humorista, ao descobrir sua veia artística, tenha deixado a profissão de publicitário de lado, mas ele faz graça dizendo que foi ela que não o quis. Já com as mulheres a história é diferente: “Modéstia à parte, sou um cara pegador. O humor ajuda na conquista”, afirma. Namorando, ele garante que é comportado. Na infância, no entanto, o temperamento era outro. Espevitado, foi graças às suas peripécias que conheceu os palcos. “Sou filho único e eu era muito hiperativo, até que a minha mãe resolveu me colocar no teatro, aos 12 anos de idade, para ver se eu dava sossego”, diverte-se.

LEIA MAIS: Assista a cinco trechos divertidíssimos do stand-up Z.É. – Zenas Emprovisadas, com Fernando Caruso

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O comediante sempre gostou de divertir as pessoas, mas nunca admitiu zombaria gratuita. Seus olhos super saltados, que acabaram se tornando marca registrada, eram motivo de bullying na adolescência, e são até hoje. “Tem fã que me chama de olhudo na rua achando que está abafando. Não gosto”, afirma Caruso, que nunca descobriu qual é a condição que o acomete. Foi levantada a suspeita de hipertireoidismo, mas os exames deram negativo. Ele também já passou por testes nos Estados Unidos, mas nunca descobriram nada. O ator leva tudo numa boa, usando a sua característica marcante inclusive para construir personagens. “Só acho que seria meio complicado conseguir um papel de galã, mas eu topo!”, diz.

Fazer rir é, para Caruso, se sentir como um jogador de futebol quando marca gol. Os melhores momentos de sua carreira, segundo ele, são quando está na frente da plateia – seja no teatro ou dando aula. O humorista é professor no Teatro Tablado, na Lagoa, de onde foi aluno durante onze anos ininterruptos, e também dá aula de improvisação no Teatro dos Quatro, no Shopping da Gávea. Entre os exercícios para liberar a criatividade, os alunos precisam fazer cara de quem soltou pum no elevador e quer disfarçar, de vampiro anêmico (?) e até mesmo de meleca (“Aquela que fica escondida atrás do sofá até ser descoberta durante uma faxina”, explica Caruso).

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Para ser um bom comediante ele avisa que é preciso muito jogo de cintura e intuição. Estar sempre atento à reação das pessoas durante as apresentações é o segredo do negócio, uma vez que a risada é o termômetro do trabalho, o que diz se o comediante está agradando ou não e se é necessário adaptar o repertório de piadas. Caruso aprendeu isso na marra, pagando mico. “Uma vez, em um espetáculo em Portugal, contei uma piada bem longa que ninguém entendeu, porque só fazia sentido no Brasil, e teve aquele silêncio. Fiquei meio sem saber o que fazer até pegar no tranco de novo e recuperar o público”, lembra.

Embaraços à parte, o xodó de Caruso é mesmo o stand-up comedy, que o artista considera a forma mais pura da comédia. Basta um ator, a plateia, e pronto: faz-se a graça. “É um trabalho que não exige preparação, sempre conto coisas engraçadas que realmente já aconteceram comigo. Acho que as pessoas captam quando você não é verdadeiro”, revela o humorista, que nunca aborda assuntos da mídia na tentativa de fugir do que o pai, o chargista Chico Caruso, já faz com propriedade. “Não acompanho nem o noticiário. Só se vê desgraça, e eu sou um cara do humor. Na minha vida só tem espaço para o riso”, diz. E, claro, para os quadrinhos. Apaixonado por eles, Caruso recomenda HQs como Y: The Last Man e The Walking Dead, que virou série de TV. Está aí, aliás, um bom gancho para puxar assunto com ele. “A pior coisa para um comediante é gente que chega contando piada”, desabafa o ator. Fica a dica.

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