Presa nesta quarta (10), acusada de dar um golpe milionário na mãe, de 82 anos, Sabine Boghici é atriz, modelo, cantora e militante da causa animal. Segundo a polícia, ela elaborou em 2020 um plano envolvendo uma suposta vidente e seus comparsas para roubar quadros, joias e dinheiro em espécie, num total que ultrapassa 700 milhões de reais. Ela e a mãe, a francesa Geneviève Boghici, são herdeiras de Jean Boghici, nascido na Romênia e um dos maiores colecionadores de artes do Brasil. Agentes que integraram a Operação Sol Poente, responsável por sua prisão, junto a de outros suspeitos, no apartamento da quadrilha em Ipanema, dizem que desde a adolescência Sabine sofre de problemas psicológicos. São distúrbios como depressão, ansiedade e crises de pânico.
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Sabine, de 45 anos, teve uma participação no filme Polaróides Humanas (2008), escrito e dirigido por Miguel Falabella, assim como numa série sobre resgate de animais, em 2015. Nas redes sociais, ela se define como “protetora de coração e vegetariana pelos animais”. Pelo Facebook, divulga pedidos de ajuda para bichos que estão desaparecidos e sem abrigo. Também compartilha fotos com seus pets de estimação. Quando o apartamento que pertencia ao pai, morto em 2015, pegou fogo, em 2021, Sabine salvou dois cães e catorze gatos. Mas Pretinha, felina que pertencia a Jean, morreu no incêndio.
A mãe de Sabine foi convencida por ela a pagar por um “tratamento espiritual”, pois a vida da filha estaria em risco. Em menos de três semanas, foram realizadas oito transferências bancárias para os golpistas, ultrapassando 5 milhões de reais. Ainda segundo a polícia, dias após o início do suposto tratamento, a filha começou a isolar a mãe de outras pessoas e dispensou funcionários que prestavam serviços domésticos a ela. A idosa desconfiou das atitudes e suspendeu as transferências. A partir daí, ela passou a ser agredida e ameaçada.
O cárcere privado durou cerca de 15 meses, entre janeiro de 2020 e abril do ano passado. A idosa, contudo, só denunciou o caso à polícia no início deste ano. “Ela estava amedrontada e com aquele sentimento de mãe, de ter que denunciar a própria filha”, disse o delegado Gilberto Ribeiro, titular da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa de Terceira Idade, que comandou as investigações.
A defesa de Sabine Boghici alega que ela teria direito à parte dos quadros que, segundo a Polícia Civil, tomou da mãe em associação com a quadrilha. O patrimônio desviado pelos criminosos inclui dezesseis obras de arte, incluindo três quadros de Tarsila do Amaral – Sono, Sol Poente (que deu nome à operação policial) e Pont Neuf – que juntos somariam 700 milhões de reais. Também há obras de artistas como Emeric Marcier e Di Cavalcanti, que valem, individualmente, de 150 mil reais a 2 milhões de reais.
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