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Covid-19: Fiocruz desenvolve teste rápido e três vezes mais barato

Exame fornece resultado em 45 minutos com alta precisão. Enquanto kits diagnósticos do tipo custam R$ 100,00, esse sai por R$ 30,00

Por Carolina Barbosa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
7 jul 2021, 13h00
Kit diagnóstico desenvolvido pela Fiocruz: preço médio de R$ 30,00, mais de um terço mais barato que o convencional
Kit diagnóstico desenvolvido pela Fiocruz: preço médio de R$ 30,00, mais de um terço mais barato que o convencional (André Pitaluga/Divulgação)
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Mais uma boa notícia na batalha do enfrentamento ao novo coronavírus: após mais de um ano de trabalho intenso, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), em parceria com a empresa SPK Solutions, patentearam um kit de diagnóstico rápido e barato para a detecção do vírus. Com baixo custo e alta precisão, fornecendo resultado em até 45 minutos, a inovação pode ser aplicada diretamente em unidades básicas de saúde.

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O kit de diagnóstico em questão identifica o material genético do SARS-CoV-2 a partir de uma técnica intitulada RT-LAMP. Funciona assim: a primeira etapa busca extrair da amostra apenas o material genético, deixando de lado as outras moléculas presentes. A segunda identifica e multiplica alvos do genoma do vírus causador da Covid-19, de modo que seja possível viabilizar a sua detecção. “As duas etapas são muito importantes. A extração facilita a detecção do RNA, aumentando a sensibilidade do teste. Se esse procedimento não for correto, ocorre a degradação do RNA viral, podendo gerar resultado falso-negativo”, explica Luísa Rona, professora do departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética (BEG) da ​UFSC e integrante do projeto.

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Um dispositivo para extração do RNA, criado pelos cientistas, integra o kit de diagnóstico. Com o auxílio de uma pipeta, deposita-se a solução com a amostra no local indicado, onde uma membrana retém as partículas de RNA presentes. Uma solução pronta, com todos os ingredientes necessários à reação, inclusive uma enzima, trata de amplificar os alvos do genoma viral.

Daí, é só colocar a amostra purificada em um tubo com a solução e utilizar um aparelho de banho seco ou banho-maria para aquecer a mistura. Depois de 30 minutos a 65ºC, a reação de RT-LAMP é concluída. O resultado do teste é mostrado pela mudança na cor da solução: em caso de positivo para o novo coronavírus, a mistura fica amarela. Se o teste der negativo, o líquido permanece rosa. “Qualquer profissional treinado pode aplicar o teste. Pela simplicidade, o custo operacional é muito menor do que a RT-PCR, que exige equipamentos sofisticados e precisa ser executada por especialistas em biologia molecular”, resume André Pitaluga, pesquisador do IOC e coordenador do projeto.

Em testes de validação, com mais de 1 000 amostras, o exame apresentou precisão equivalente ao RT-PCR, considerado como padrão-ouro para o diagnóstico da Covid-19. Para amostras da orofaringe – coletadas com um tipo especial de cotonete, conhecido como swab, introduzido no nariz dos pacientes – o teste apontou 96% de sensibilidade e 98% de especificidade. No caso da saliva, as primeiras análises indicaram 70% de sensibilidade e 98% de especificidade, e uma nova rodada de testes aponta que é possível alcançar quase 100% de sensibilidade caso a coleta seja realizada em jejum, logo após o despertar.

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Outro ponto alto é o custo: esse novo método é estimado em R$ 30,00, o que, na prática, representa menos de um terço do valor de um kit de RT-PCR, avaliado em torno de R$ 100,00.

Diante dos bons resultados nos testes de validação, os pesquisadores estão buscando parceiros para a produção e o fornecimento do kit de diagnóstico. “Desde o início, desenvolvemos esse produto com foco no Sistema Único de Saúde, com objetivo de ampliar o acesso ao diagnóstico e contribuir para o enfrentamento da pandemia no nosso país”, ressalta André, acrescentando que a criação pode ajudar ainda na luta contra outras doenças. “Essa metodologia é muito versátil. Já estamos trabalhando em uma versão do kit para o diagnóstico da febre amarela”, adianta o cientista.

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