O sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, já dizia que quem tem fome tem pressa em 1993, quando lançou a Ação da Cidadania contra a Fome. Pois no Rio de Janeiro o futuro governador terá que correr, e muito, para resolver um problema que está ainda mais grave hoje. Dados de um suplemento do “2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil”, divulgado nesta quarta (14) pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Penssan), revelam que quase 2,7 milhões de fluminenses, metade da população da cidade do Rio, não têm o que comer. São 15,9% das famílias do estado em situação de insegurança alimentar grave, o que supera a média nacional, de 15,5%.
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“A fome é uma decisão política. Recurso há, basta o governador saber trabalhar e ter compromisso com o povo”, avalia o candidato do PDT, Rodrigo Neves, que pretende resolver o problema criando um programa de renda básica e garantindo um auxílio de 500 reais para todas as famílias que vivem em extrema pobreza. “Como fiz quando fui prefeito de Niterói”, diz ele, que também tem a intenção de fazer parcerias com as 92 prefeituras do estado e utilizar o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) para chegar às famílias em situação de pobreza extrema e de fome.
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Para Marcelo Freixo (PSB), um dos caminhos para a solução é aumentar o salário mínimo regional para 1.585 reais, que ele lembra ter sido congelado em 2019 pelo ex-governador Wilson Witzel, hoje candidato do PMB, e mantido pelo seu então vice e atual governador Cláudio Castro, que tenta a reeleição. “Meu primeiro ato será esse, para aumentar a renda das famílias e aquecer a economia, gerando mais emprego. Também vamos aumentar o valor do Supera Rio, pagando 60 a mais por criança ou adolescente matriculado na escola”, promete, acrescentando que se eleito dará um adicional de 200 reais para todo beneficiário que esteja frequentando a escola ou cursos técnicos e profissionalizantes: “Com isso, vamos incluir de imediato mais 300 mil pessoas. Além disso, criaremos uma rede de cozinhas comunitárias e faremos convênios com restaurantes para fornecer comida a quem está passando fome”, diz Freixo.
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Cláudio Castro (PL) lista uma série de medidas que diz já ter tomado, ao longo dos dois anos em que está no governo, entre elas injetar mais de 350 milhões de reais na economia com o Supera Rio, que já atendeu 325 mil famílias em todo o estado, incluindo o auxílio-gás, que beneficia mais de 99,7 mil pessoas. “Também aplicamos mais de 55,3 milhões de reais para reforma e construção de 14 Restaurantes do Povo, que servem diariamente mais de 17.700 refeições, com almoço a apenas 1 real e café da manhã por 50 centavos. Vamos chegar a 20 unidades”, promete Castro, citando ainda ter criado o Café do Trabalhador, servindo cerca 5.250 refeições por dia, de segunda a sexta, em estações de transportes movimentadas, e aberto dois Hotéis Acolhedores, com 300 leitos e 100% de ocupação, com um total de 73.198 pernoites e 146 mil refeições oferecidas. “Nosso plano é ampliar esses programas e investir cada vez mais em infraestrutura para seguir atraindo novas empresas e abrindo vagas de trabalho para resgatar esses cidadãos. Nosso principal programa social é o emprego”
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Também Paulo Ganime, do Novo, diz que vai trabalhar para trazer empresas para o Rio, com a redução e desburocratização de impostos, e assim aumentar a oferta de empregos e garantir o regime de recuperação fiscal, trazendo renda para o estado. “O foco é incentivar que mais pessoas saiam da situação de vulnerabilidade social e econômica, tendo possibilidades de conseguir, por seus esforços e meios, o emprego necessário para garantir o sustento”, planeja. E Wilson Witzel (PMB) prevê em seu programa de governo, se reeleito, criar o Cartão Comunidade Cidade, destinado à população que não possui renda. “Criaremos um amplo programa de qualificação profissional e geração de emprego, via investimentos público e privado, para jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social de forma que possam ser inseridos no mercado de trabalho”, diz.
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Cyro Garcia (PSTU) também pretende gerar emprego e renda, em especial com um Plano de Obras Públicas. “Mas é necessário que haja a taxação de grandes fortunas, dos bilionários que lucraram com a pandemia, e a redução da jornada de trabalho e outras medidas que enfrentam diretamente com o grande capital”, avalia. Enquanto Eduardo Serra (PCB) propõe, além do fortalecimento do estado, com a realização de concursos públicos para as áreas de Educação, Segurança, Saúde e outras áreas consideradas de interesse direto dos trabalhadores, criar um programa emergencial de empregos: “Faremos ações de cadastramento de pessoas em situação de insegurança alimentar para a distribuição de cestas básicas; ofereceremos refeições e abrigos para a população de rua”. Na mesma linha, Juliete Pantoja (Unidade Popular) quer estabelecer uma renda mínima de um salário mínimo a todas as famílias abaixo da linha da pobreza. “Para acabar com o desemprego e a fome é que estamos propondo a criação das Frentes Emergenciais de Trabalho”, explica ela. O candidato do PCO, Luiz Eugenio Honorato, não respondeu as perguntas enviadas sobre o tema.