Elegância suburbana
O personagem Iran, de Avenida Brasil, influencia rapazes a usar a gola da camisa polo levantada
Além de hipnotizar os telespectadores em torno da vingança de Nina contra Carminha, Avenida Brasil também está ditando moda. Primeiro foram os vestidos justíssimos de Suelen que ganharam o guarda-roupa das periguetes. Depois, a bolsa com as iniciais do estilista americano Michael Kors, que a vilã da trama das 9 carrega a tiracolo, virou o acessório preferido das cariocas. Tanto que nos camelôs do Centro ou de Copacabana há falsificações de todas as cores, formatos e tamanhos. Agora, é a vez de a camisa polo sair da telinha com a gola levantada para ganhar as ruas, os bares e as boates, da Zona Sul ao subúrbio. Trata-se do figurino do suburbano Iran, um jogador de futebol da terceira divisão carioca, morador do fictício Divino, extremamente vaidoso e mulherengo. “Estava em casa, pensando em como iria montar o personagem, e meu irmão, que joga pelo Nova Iguaçu, veio com essa sugestão porque os amigos dele estavam usando. Achei que seria uma boa para mostrar esse lado metrossexual do Iran”, conta o ator Bruno Gissoni, 25 anos, que, à paisana, prefere usar a blusa da forma tradicional.
A origem da polo levantada não é exatamente um modismo dessa estação. Quando a camisa foi criada pelo tenista francês René Lacoste (1904-1996), no início do século XX, a ideia era que ela fosse usada com o colarinho cobrindo todo o pescoço. O objetivo: evitar as queimaduras provocadas pelo sol durante as competições. Só anos depois, quando a peça saiu das quadras de tênis e dos campos de polo para conquistar o mercado consumidor masculino, é que ela passou a ser vestida da forma como se convencionou. “Há uns dez anos, no entanto, a gola reapareceu voltada para cima, principalmente na França e na Itália, onde os rapazes começaram a utilizar esse recurso para dar um ar mais casual ao visual”, explica o pesquisador Marco Sabino, autor do livro Dicionário da Moda.
A tendência lançada na Europa foi rapidamente importada pelos jovens cariocas de classe A, clientes de grifes como Ralph Lauren e Abercrombie & Fitch. “Sempre havia um ou outro rapaz usando a peça nos clubes frequentados pela alta sociedade, mas, com a novela, esse estilo realmente ganhou uma popularidade nunca vista por aqui”, confirma a consultora de moda Regina Martelli. Por mais que esteja em alta, não chega a ser uma unanimidade entre a ala masculina. O ator Thadeu Torres, de 21 anos, usa e abusa do modelito, mas reconhece que tem muita gente que implica. Rodrigo Peirão, carioca, empresário, 25 anos, é um deles: “Acho uma tremenda cafonice”. Polêmica ou não, ela está em alta.