A imagem da educação, ou da falta de educação no Estado do Rio, é esta: colégios paralisados, ocupados por crianças e adolescentes que reclamam do nível do ensino e das instalações, apoiam professores grevistas e reivindicam aquilo que seria o mínimo — um calendário escolar com data definida pelo menos para o início e para o fim dos semestres letivos. Em meio ao caos financeiro em que se encontra o estado, o drama da educação envergonha pais e mestres, e compromete boa parte do futuro dos filhos de todos. Na última segunda-feira (18), o governo anunciou que está cancelando o chamado 14º salário dos professores, uma espécie de bônus pela produtividade que vinha sendo pago há anos. E, noutra medida polêmica, decretou que as férias da rede estadual terão início em 2 de maio, e não serão mais em agosto, ou seja, a meninada estará em sala de aula durante os Jogos Olímpicos. Com parte do corpo docente de braços cruzados desde o começo do mês passado, as contas mostram que 57 escolas do estado estão ocupadas por alunos. O movimento, aliás, continua crescendo, e a cada semana mais estabelecimentos são “invadidos”. Na quarta (20), mais duas escolas, uma em Manguinhos e a outra na Ilha do Governador, receberam a visita da Coordenadoria de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, órgão ligado à Defensoria Pública. O objetivo: conversar com os estudantes sobre assuntos como banheiros quebrados, falta de material, laboratórios fechados e demora na emissão do RioCard. Na quinta-feira (21), completou-se um mês desde que a primeira escola foi ocupada. E, ao que parece, o que vem por aí, na tentativa de compensar o tempo parado, é mais confusão: aulões nos sábados, atividades obrigatórias depois do horário regular e cursos que vão adentrar janeiro do ano que vem. Se, em 2015, os alunos engajados fizeram barulho em São Paulo, 2016 parece ser o ano das ocupações no Estado do Rio.