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Governo do Rio vai lançar projeto cultural para Baixada Fluminense

Iniciativa vai criar cinco polos regionais na Baixada Fluminense, incluindo Japeri, Belford Roxo, Mesquita, São João de Meriti e Duque de Caxias

Por Agência Brasil
Atualizado em 5 dez 2016, 11h27 - Publicado em 1 mar 2016, 14h04
Música Sem Fronteiras
Música Sem Fronteiras (Arquivo/Secretaria de Cultura/Valença/)
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O governo do Rio  vai lançar até maio os primeiros editais de um novo programa cultural – o Territórios Culturais RJ – que amplia para outros municípios fluminenses o alcance do programa original, o Favela Criativa, focado, inicialmente, na capital. O atual vai criar cinco polos regionais na Baixada Fluminense, incluindo Japeri, Belford Roxo, Mesquita, São João de Meriti e Duque de Caxias.

O Territórios Culturais é resultado de uma parceria firmada com a distribuidora de energia Light. As ações terão início no segundo semestre deste ano, quando deverá ser lançado o segundo lote de chamadas públicas. O último lote será lançado no início de 2017, segundo informou à Agência Brasil a secretária estadual de Cultura, Eva Doris Rosental.

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O Favela Criativa atuou durante dois anos em 30 territórios pacificados e não pacificados da capital fluminense, englobando recursos de R$ 14 milhões. “O retorno foi extremamente positivo. Atingimos 1.500 artistas, 30 comunidades”, disse Eva. Ela afirmou que, como se trata de uma secretaria estadual, a intenção é levar o acesso à cultura a todo o estado. “Por isso, o programa tem um foco grande na Baixada Fluminense, além dos municípios contemplados de concessão da Light. A expectativa é que o projeto incentive a inscrição de iniciativas de agentes culturais de toda a Baixada Fluminense.”

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A secretaria ressaltou que o projeto ainda não contempla o estado em sua totalidade. “Mas é um passo decisivo para sairmos do escopo da capital, entrarmos na baixada, onde teremos cinco polos que vão irradiar e incluir os municípios vizinhos, fora as atividades que vamos desenvolver nos outros municípios.”

Na opinião de Eva, a Secretaria de Cultura nunca teve uma ação “tão focada e estruturada”. O programa foi elaborado durante seis meses por representantes de todas as áreas do órgão. Serão contempladas 270 iniciativas por chamadas públicas. “É o processo mais transparente possível. Os recursos serão todos executados e repassados por meio de chamadas públicas. Nada vai ser escolhido diretamente, nenhum grupo, nenhuma organização, nenhuma atividade.”

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O Territórios Culturais RJ vai oferecer laboratórios de audiovisual, edição de livros, criação artística, roteiros, textos dramatúrgicos e literários, laboratórios ligados à cultura popular, como dança clássica e popular, além de preservação do patrimônio, modernização de museus e pontos de memória, ações de desenvolvimento do conceito de cidades criativas. “A gente vai costurando em todas as linguagens artísticas”, afirmou a secretaria.

O projeto prevê também cursos de pequena, média e longa duração ligados à produção artística, teórica e intelectual, cursos ligados ao mercado, como técnicos de som e luz para cinema ou teatro, figurista. “A gente pega todas as cadeias produtivas”.

Segundo a presidenta da Light, Ana Marta Horta Veloso, os investimentos no programa alcançam R$ 20 milhões, incluindo patrocínio por meio da Lei de Incentivo à Cultura e recursos do Programa de Eficiência Energética (PEE) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Experiência

O Projeto Música Sem Fronteiras, de Valença, centro-sul do estado do Rio de Janeiro, apresentado em agosto do ano passado dentro do Favela Criativa, foi aprovado em outubro. “Foi uma experiência maravilhosa, porque os projetos até então eram sempre na capital e esta estava muito distante do interior”, disse à Agência Brasil David Willian de Souza, subsecretário municipal de Cultura de Valença. Ele acredita que com a ampliação de escala para todo o estado do projeto Favela Criativa, agora denominado Territórios Culturais RJ, haverá uma maior aproximação e uma troca de experiências não só com a capital, mas com projetos das outras cidades do interior também. “Para nós, é muito importante essa troca de vivências”.  

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O Música Sem Fronteiras é um projeto de montagem de uma orquestra sinfônica na cidade de Valença, que trabalha com crianças em situação de vulnerabilidade social. Souza disse que 80% dos beneficiados pelo projeto são da comunidade Cambota, que engloba três bairros próximos (Cambota, Biquinha e Vadinho Fonseca), além de um sub-bairro chamado Santa Rosa 2. A experiência já deu resultados positivos, o que leva Souza a pensar em pleitear a prorrogação do projeto por mais seis meses.

Enquanto o Música Sem Fronteiras está em curso, o Projeto Reciclando Pensamentos, criado por Jonas Bezerra e aprovado em 2015, terá cinco meses para realização das atividades a partir de março próximo. O projeto objetiva fazer um documentário sobre reciclagem e, ao mesmo tempo, formar um grupo de audiovisual no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro. “O documentário consiste em mostrar um outro lado que as pessoas não olham, o lado do catador de lixo, o que ele faz, as organizações não governamentais (ONGs) que trabalham com isso”.

A partir do documentário, Bezerra quer promover debates em escolas, para saber qual é a visão de estudantes e universitários sobre o assunto e o que acham dessa “profissão”. Ele vai selecionar cinco jovens da comunidade que já tenham noções de audiovisual para participar do projeto. Os jovens farão oficinas e pesquisas sobre a reciclagem de materiais e visitarão ONGs que se dedicam à causa dos catadores. “Vão fazer pesquisas e correr atrás dos personagens que vão entrevistar”. A partir daí, definirão se será de fato um documentário sobre catadores ou se preferem fazer uma ficção, disse.

O projeto criará também um ‘blog’, onde os jovens emitirão suas opiniões e colocarão tudo que  aprenderem, para servir de base de informações para outras pessoas que quiserem pesquisar o assunto. A ideia do projeto surgiu quando Jonas Bezerra começou a fazer um curso de agente cultural. “Aí, eu me envolvi mais com essa parte de projetos culturais e sociais”. Durante debate com outros jovens da comunidade sobre vários temas, surgiu a proposta que acabou sendo inscrita no Favela Criativa, já sob a novo nome de Territórios Culturais.

Bezerra acredita que o projeto vai beneficiar os jovens do Complexo do Alemão que poderão aprender mais sobre audiovisual e ter uma base profissional maior. “Depois que o documentário ficar pronto, eles podem usar isso como portfólio e até inscrever em algum festival”. Bezerra pretende ainda criar, com os jovens selecionados, uma produtora colaborativa, que possa emprestar o material de filmagem para quem quiser produzir alguma coisa, e que vá fazer trabalhos para ONGs. Além de afastar os jovens das drogas, avaliou que o Reciclando Pensamentos dá outra opção prática para eles. “Tem que estimular o jovem. Todo jovem só trabalha com estimulação”.

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