Grife paulistana de luxo, o Hotel Emiliano inaugura filial no Rio
Na Avenida Atlântica, a aunidade carioca vai disputar a clientela chique e famosa com o Fasano e o Copacabana Palace
Berço da bossa nova e local que abriga a praia mais famosa do Brasil, Copacabana é conhecida também pela alta concentração de hotéis, herança de um passado glorioso que, ao longo dos anos, foi sendo ofuscado pelo predatório turismo de massa. A Olimpíada trouxe a promessa de dias melhores, mas, passada a euforia, ficaram pelo caminho projetos inacabados. É o caso do novo Museu da Imagem e do Som (MIS) e do edifício desenhado pela arquiteta iraquiana Zaha Hadid, ambos na orla. Terminados os Jogos, o bairro segue na busca pelo glamour de outrora. Recém-inaugurado no número 3804 da Avenida Atlântica, o hotel Emiliano, filial da grife paulistana, promete não só elevar o padrão de luxo na região como também disputar hóspedes chiques e endinheirados com o Copacabana Palace e o Fasano. Entre seus chamarizes está uma arrojada fachada formada por painéis retráteis de cobogós brancos. “Reunimos aqui a sofisticação da marca à casualidade carioca”, resume o sócio Gustavo Filgueiras, à frente da operação.
Tudo ali foi pensado para valorizar a vista da praia e do mar. Além das imensas janelas de vidro das suítes, que se escancaram para o mar quando os painéis são abertos, a sauna, a academia de ginástica e o spa também exibem a vista esplendorosa da orla por trás de enormes vidraças. Sem falar no terraço, onde fica a piscina de borda infinita. A decoração segue o estilo discreto e minimalista da matriz, pouso preferencial de celebridades como Gisele Bündchen e Gilberto Gil. “Eles têm um cuidado muito grande com os hóspedes. Pensam nos mínimos detalhes”, atesta o cantor baiano, colecionador confesso dos pentes de madeira que integram as amenidades. “Tenho dezenas”, ri o músico, que começou a frequentar a matriz quando era ministro da Cultura e acabou se tornando amigo do fundador, o empresário Carlos Aberto Filgueiras, morto em janeiro num acidente com seu avião particular, no qual estava também o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki. Colecionador de arte e apaixonado por design, Filgueiras escolheu e garimpou pessoalmente a maior parte dos móveis do lugar. Logo na entrada, um bar acomoda o visitante em peças ícones do desenho brasileiro, como a poltrona Beto, criada por Sergio Rodrigues para a sala de espera do Palácio do Planalto. Já no lobby estão duas poltronas bowl, de Lina Bo Bardi, cada uma avaliada em 120 000 reais, além de uma grande tapeçaria de Burle Marx.
Com doze andares e investimento de 140 milhões de reais, o hotel possui noventa apartamentos com área entre 42 e 120 metros quadrados. Por diárias que variam de 2 130 a 9 030 reais, o hóspede desfruta luxos como cortinas de linho, edredons recheados de plumas de gansos húngaros (bem mais suaves que as penas) e vasos sanitários inteligentes, importados do Japão. No minibar, champanhe Moët & Chandon e caviar Beluga dividem espaço com produtos cariocas, como chocolates da Cacau Noir e cervejas Jeffrey e Praya. À frente do maior concorrente do recém-chegado, Andréa Natal, gerente-geral do Copacabana Palace, vê com bons olhos a inauguração. “Se é bom para o bairro, é bom para o Copa. E eles são uma referência no modelo de hotel-butique”, afirma ela, elegante. “Em termos de negócio e lucratividade, somos imbatíveis”, completa. Mesmo com tantos atributos, o Emiliano tem pela frente um desafio considerável: tornar-se um bom negócio em um momento em que a cidade tem mais quartos de hotel do que hóspedes. “Sou muito otimista em relação ao Rio. Com este hotel, quero fazer com que as pessoas voltem a visitar a cidade”, afirma Gustavo Filgueiras. Sem dúvida, trata-se de um belo convite.