Uma guerra entre facções de traficantes na Cidade Alta, em Cordovil, zona norte da capital fluminense, terminou nesta terça-feira (2) com pelo menos oito ônibus e dois caminhão queimados, 45 pessoas presas e seis feridas, entre as quais três policiais, que estão fora de perigo.
Ao todo, 32 fuzis, granadas e pistolas foram apreendidas. Mais de 3 mil crianças ficaram sem aula na região, segundo as secretarias estadual e municipal de Educação.
O major Ivan Blaz, coordenador de Comunicação da Polícia Militar, informou que, por volta das 3h da madrugada, moradores de Cordovil acionaram a corporação por telefone informando que uma facção rival da que ocupa a comunidade de Cidade Alta tentava assumir o controle territorial da área.
“Fizemos um cerco e, uma vez cercados, os criminosos invasores acionaram moradores de comunidades que sofrem influência desta facção para promover distúrbios e caos urbano na cidade com a finalidade de dispersar o policiamento no cerco e promover oportunidade de fuga”, disse Blaz.
Ainda segundo o major, o número de presos e de armas apreendidas prova que a ação policial teve êxito. No entanto, Blaz ressaltou que os números mostram uma realidade cruel no estado. “Somos um dos principais destinos do tráfico internacional de armas, o que expõe a fragilidade de nossas fronteiras”, disse o major. “Isso força a Polícia Militar daqui a enfrentar um mal que polícia nenhuma enfrenta no mundo. Aqui, o policial já está acostumado a ouvir rajadas de fuzil.”
Mais de 50 ônibus queimados só este ano
De acordo com a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), 50 ônibus já foram incendiados em 2017, superando os números de 2016 (43).
Por esse tipo de incêndio não garantir seguro, o custo estimado para a reposição da frota incendiada chega R$ 22 milhões este ano, segundo a Fetranspor. A entidade informou ainda que, devido à crise econômica e ao desequilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão, não há garantia para a compra de novos veículos, que podem demorar até um ano para entrar em circulação.
Em seis meses, somente no Rio, cerca de 70 mil passageiros deixam de ser transportados em cada veículo, finalizou a Fetranspor, em nota.