No início de julho, um grupo de moradores do Recreio dos Bandeirantes fez uma carreata para protestar contra a chegada do Recanto do Pontal, empreendimento criado dentro dos parâmetros do Programa Minha Casa Minha Vida pela Construtora Tenda. O conjunto de 7 prédios prevê a construção de 260 apartamentos, de 40m² cada, e está localizado no final do Recreio, junto ao que se intitulou de bairro Pontal Oceânico. A manifestação aconteceu logo após a construtora anunciar o início da venda das unidades, voltadas para famílias com renda de até 4000 reais por mês.
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Uma das justificativas para o protesto foi a falta de infraestrutura local para receber os novos moradores, além de uma possível desvalorização de imóveis vizinhos. “Infelizmente, o Programa Minha Casa Minha Vida é visto pelos moradores do Pontal como não compatível com o padrão dos edifícios locais, levando a uma temida desvalorização dos seus imóveis”, afirma a construtora, em um dossiê preparado para rebater as alegações para a rejeição ao empreendimento. “Este preconceito vem da desinformação”, disse a VEJA RIO o diretor regional da Tenda, Alexandre Millen. “Não faz sentido imaginar que um imóvel de 200 mil reais vá desvalorizar um outro, de 500 mil, por exemplo”.
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Impactos no trânsito e no meio ambiente além de sobrecarga no sistema de saúde, educação e no abastecimento de água da região são outros motivos apontados pelos futuros vizinhos do empreendimento para a rejeição ao projeto. O documento do construtora cita sete linhas de ônibus e três BRTs que serviriam àquela área, assim como sete escolas e quatro unidades de saúde, além de investimentos da Cedae e de outras incorporadoras no abastecimento de água da região. “A real razão provém do preconceito de classe”, afirma a empresa no dossiê.
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Simone Kopezynski, presidente da Associação de Moradores do Recreio, rebate as acusações de preconceito e reafirma: o bairro não tem estrutura para receber empreendimentos desta magnitude. “Não tem nada de pobre contra rico. A questão não é essa”, diz. “Todo verão falta água, o BRT vive lotado, e a maioria dessas escolas e unidades de saúde citadas pela construtora ficam a muitos quilômetros do Pontal Oceânico.”