Memória da cidade
Bodes comiam grama no Jardim de Alah, a Rua João Lira tinha pouco movimento e bondes circulavam pelo bairro. Assim era o Leblon dos anos 30, lugar e tempo focados na peça Cabaré Lebrão, dirigida e estrelada por Paulo Reis, que estreia em novembro no Café Pequeno. O teatro será transformado em um grande casarão (com cômodos dispostos no meio da plateia), para reviver os saraus da época. Mas não apenas o passado remoto estará em cena: o agito do Baixo Leblon, nos anos 80, e a criação do Baixo Bebê, na década seguinte, também ganharão destaque. A montagem mostrará ainda episódios dramáticos, como o incêndio da favela da Praia do Pinto, que se erguia onde hoje é o condomínio Selva de Pedra.
Diga ao povo que fico
Largar para sempre a cidade e ir embora do Brasil, para tentar a vida lá fora? O carioca não quer nem saber dessa história. Em recente pesquisa do Ibope, o Rio foi apontado como a capital mais resistente quando o assunto é deixar o país: 75% dos entrevistados não cogitam sair daqui – confira ao lado o resultado do levantamento em outros estados, no estudo encomendado pela Diageo, fabricante britânica de uísque. À minoria que planeja um dia se aventurar no exterior foi perguntado qual o destino em mente. Os Estados Unidos tiveram 24% dos votos, a Inglaterra ficou em segundo lugar, com 18%, e em terceiro, o Japão, dono de 6% dos sonhos.
Tem que suar, tem que meditar
Se ioga já é difícil em condições normais de temperatura e pressão, imagine numa sala aquecida a 42 graus, por noventa minutos sem parar. Essa é a proposta, pioneira na cidade, da Bikram, escola aberta no início do mês, na Barra. Ali o aluno transpira sem parar e segue regras rígidas. Ninguém pode usar perfume, bebida no salão só se for água, conversas são proibidas e, ao olhar o espelho, ?focalize apenas em si?, diz o manual de etiqueta local. O método, criado pelo indiano Bikram Choudhury, vem ganhando o mundo com o nome, muito apropriado, de Hot Yoga.
Minicraques no bisturi
Fora Rivelino, que só teve o uniforme mudado, o resto é falso. O rosto de Didi, na verdade, é de um goleiro de Trinidad, o cabelo de Roberto foi montado com epóxi em cima do boneco do uruguaio Poyet e Pet teve por base o italiano De Rossi. Aos poucos, Pedro Igor Moreira, dono de uma confeitaria em Vila Isabel, formou uma coleção de 800 peças. Funciona assim: ele envia fotos de rosto e camisa dos atletas que deseja ter a dois escultores, um na Alemanha, Cornelia Koller, outro na Indonésia, que trabalham sobre minicraques já lançados de verdade. Não é que fica divertido?
O morro dos preços delirantes
Uma das últimas mansões do Leme está virando filme. Tem cinco andares, 400 metros quadrados e, entre setembro e outubro, serviu de cenário para Vendo ou Alugo, de Betse de Paula. Na trama, uma família falida tenta se desfazer da casa, preocupada com as favelas do morro ao redor. A dificuldade é chegar a um preço justo, e aí a ficção de certo modo reflete os delírios do mercado imobiliário carioca. Eis um diálogo do longa: ?Há cinco anos ofereceram 750?000 reais, mas hoje acho que a gente pode pedir 2 milhões?, diz um dos personagens. Ele é logo rebatido: ?De jeito nenhum. O Rio está na moda, tem UPP, Copa, Olimpíada… Vamos tentar 5 milhões!?. A produção deve estrear em 2012.