‘Peço por Justiça’, diz Igor Melo, baleado ao ser confundido com ladrão
Universitário atacado por PM da reserva que buscava assaltante do celular da mulher perdeu rim, mas se recupera bem na enfermaria de hospital

Baleado por um policial militar reformado por ter sido confundido com um ladrão, o universitário Igor Melo de Carvalho já saiu do CTI do Hospital Getúlio Vargas, onde está internado, e desde esta quinta (27) se recupera na enfermaria da unidade. “Tô aqui me recuperando com a força da minha família, que é a principal força que eu tenho agora, e Deus e os orixás. Eu só peço por justiça. Que a justiça seja feita da melhor forma possível. Peço ajuda pelo meu amigo Thiago, amigo porque temos um laço pela forma como ele me acolheu e acudiu”, disse ele, em vídeo. “Orem por mim, orem por ele também. Tô bem, me recuperando, e vou sair dessa bem melhor”, acrescentou o estudante.
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Funcionário administrativo da Faculdade Celso Lisboa, onde estuda, Igor faz bico de garçom e foi baleado na madrugada de segunda (24), quando saia do restaurante onde trabalha. Ele estava na moto por aplicativo conduzida por Thiago Marques Gonçalves quando os dois foram confundidos com os responsáveis pelo roubo do celular da mulher do PM aposentado Carlos Alberto de Jesus, que fez os disparos, atingindo Igor. O estudante, que perdeu um rim, chegou a ser internado em estado grave. Mas desde esta quinta (27) não está mais usando sonda, já caminhou e está conseguindo se sentar.
Carlos Alberto e a mulher, Josilene da Silva Souza, acusaram o motociclista de aplicativo Thiago Marques Gonçalves e Igor, que estava na garupa, de roubo de celular. Thiago e Igor chegaram a ser presos em flagrante, mas foram soltos pela Justiça durante audiência de custódia na tarde de terça (25). Na decisão de soltar os dois, em audiência de custódia, a juíza Rachel Assad da Cunha, da 29ª Vara Criminal da Capital, relata os fatos e afirma: “Portanto, todas as informações indicam que tanto Carlos Alberto quanto Josilene teriam confundido os ora custodiados com os supostos autores do crime de roubo, de forma que os indícios de autoria restam totalmente esvaziados, impondo a imediata soltura dos custodiados”. A juíza atende ainda a um pedido da defesa e encaminha cópias do processo para a Promotoria de Investigação Penal e a Corregedoria da Polícia Militar, que poderão investigar a conduta do policial da reserva. Em depoimento, o PM aposentado admitiu que disparou contra Igor. Em depoimentos, ele e a mulher apresentaram versões diferentes, contradições e fizeram os suspeitos passarem à condição de vítimas.
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Thiago e Igor têm provas de que não eram os assaltantes do celular de Josilene. Thiago trabalhava desde as 22h como motorista de aplicativo. Igor, como garçom em uma casa de samba na Penha até 1h. Imagens do circuito interno do estabelecimento mostram ele saindo do local duas horas depois do assalto.