Uma verdadeira relíquia será entregue a qualquer pessoa com acesso a internet. Nesta terça (11), entra no ar o site Correio IMS, com 100 cartas escritas pelas mais diversas personalidades brasileiras. De pessoas comuns a escritores, poetas, pintores, músicos, arquitetos, figuras da história cultural e política do país. Inéditas ou não, o fundamental é que a carta seja interessante sob um determinado aspecto: seja pelo vigor de uma emoção expressa em palavras comuns, seja pelo valor literário ou por seu conteúdo histórico, as cartas ajudam a compor a identidade de um povo e podem se revelar notáveis se escritas por um humilde soldado ou por um alto pensador. O site prevê também a publicação de cartões-postais, bilhetes e telegramas.
Trata-se de uma antologia que percorre a história do país e, por essa razão, não podia excluir os portugueses do nosso período colonial. Por isso, tanto se pode encontrar a famosa carta em que d. Amélia de Leuchtenberg se despede de d. Pedro II ainda menino quanto um cartão-postal de Ziraldo a Carlos Drummond de Andrade. As fontes são variadas: livros ou arquivos, entre os quais o arquivo do IMS.
Com a intenção de situar o leitor, cada carta é precedida de um parágrafo em que o documento é contextualizado, indicando-se, assim, as circunstâncias em que foi escrito. Há ainda um pequeno perfil biográfico de cada remetente e destinatário, assim como fotos de cada um deles. Além disso, há uma galeria de imagens, além de vídeos ou áudios também relacionados ao documento. O site oferece várias possibilidades de navegação. Podem-se pesquisar as cartas por ano, pelo remetente ou destinatário ou por temas, entre os quais saudade, ciúmes, amor, amizade, literatura, poesia e outros.
Levando em conta as características da cultura brasileira, não foram esquecidas crônicas escritas em forma de carta (Paulo Mendes Campos fez várias), assim como letras de música, de que são exemplo “Meu caro amigo”, de Chico Buarque, e “Cordiais saudações”, de Noel Rosa.
O leitor poderá, talvez, se surpreender com as cartas apaixonadas que o sóbrio jurista Rui Barbosa escreveu à sua mulher, Maria Augusta; com a versatilidade de Lucio Costa, que, além de arquiteto, tinha talento para escrever extraordinárias descrições de cidades europeias; com a sensibilidade do pai de Nelson Freire, farmacêutico que se preocupou em registrar para a posteridade o momento em que mudou a vida da família para acompanhar o filho, ainda menino e já pianista notável, que não tinha mais o que aprender na sua cidade mineira; com a aflição de Tom Jobim, que tremeu nas bases diante da vaia de “Sabiá” e precisou do ombro de Chico Buarque; com a seriedade com que Otto Lara Resende mantinha suas amizades, o que levou Paulo Mendes Campos a lhe abrir o coração em agosto de 1945 numa carta já publicada em edição do IMS.
O Correio IMS será atualizado frequentemente com novos documentos e terá um blog com notícias referentes a cartas de um modo geral.