Uma das tarefas da antropologia, além de estudar tribos primitivas perdidas pelo planeta, é tentar compreender como os indivíduos estabelecem suas relações sociais. Nesse sentido, o inglês Max Gluckman realizou, no início do século passado, uma pesquisa intrigante ao observar um comportamento banal. Especialista de Oxford, ele escolheu como alvo de seus estudos a fofoca, e construiu uma pitoresca teoria a respeito: a maledicência alheia é um recurso crucial para os membros de um grupo fortalecerem os vínculos entre si. Os historiadores modernos, por sua vez, veem na prática da futrica um importante componente para reconstituir o estilo de vida de uma época. “Aparentes trivialidades podem oferecer pistas importantes para uma análise mais profunda de culturas passadas”, escreveu em um artigo recente o historiador inglês Peter Burke.
Elaborações acadêmicas à parte, falar da vida dos outros é um hábito disseminado em qualquer canto. No Rio, cidade que recebeu a corte portuguesa no século XIX, foi capital imperial e federal, concentrando a elite política e cultural do país por décadas, essa prática é quase uma arte. Se no passado a nobreza e os mandachuvas do poder eram os protagonistas dos ti-ti-tis, esse papel cabe hoje aos membros de famílias tradicionais, aos endinheirados emergentes e festeiros em geral. Nas últimas semanas, VEJA RIO conversou com trinta integrantes da alta sociedade carioca e pessoas que orbitam ao seu redor – decoradores, cerimonialistas, colunistas, banqueteiros e cabeleireiros – para descobrir de quem e o que se fala à boca miúda nas rodinhas e à mesa dos restaurantes da moda. Do levantamento, saiu meia centena de historietas (algumas bem maldosas, muitas escandalosamente mentirosas) que retratam a diversidade do universo social carioca. Do total, foram selecionadas 25. Em todas, tomou-se o cuidado de ouvir o alvo do diz que diz. O resultado encontra-se nas próximas páginas.
Síndrome do dia seguinte
Anfitrião de mão-cheia, Ricardo Rique dá pelo menos duas festas de arromba por mês em seu apartamento de frente para o mar do Arpoador. Os agitos do ex-deputado federal paraibano que decidiu curtir a vida adoidado são apinhados de socialites, artistas e empresários. A bebida, como era de esperar, jorra madrugada adentro. O problema é que alguns convivas costumam reclamar de uma tremenda dor de cabeça no dia seguinte aos embalos. À boca pequena, comenta-se que a profusão de garrafas com rótulos bacanas que circulam no salão é abastecida com versões genéricas bem diferentes das originais. “Isso é uma mentira cabeluda! Falam essas coisas de inveja porque sou rico e poderoso”, esbraveja Rique, que diz servir apenas o prosecco italiano Foss Marai (60 reais a garrafa) em seus convescotes.
Fanática por mortadela
Os novatos do grand monde costumam acreditar que ser alvo de falatório é apenas um rito de iniciação para recém-chegados. Típico erro de amador. Até mesmo figuras sacrossantas dos salões costumam receber vez por outra suas esguichadas de veneno. Nem mesmo Carmen Mayrink Veiga, o símbolo-mor da grã-finagem, está imune. É recorrente o comentário de que a socialite fez crer durante décadas que tem raízes em uma família tradicional de Pirajuí, interior de São Paulo, quando, na verdade, seria filha de um simplório merceeiro. “Meu pai trabalhou a vida inteira com café, mas se tivesse uma mercearia me orgulharia da mesma forma. Aliás, teria me fartado de comer mortadela, que adoro”, ironiza, com elegância.
Festas oportunistas
Volta e meia os salões de Liliana Rodriguez e Nestor Rocha, no edifício Chopin, na Avenida Atlântica, são abertos para grandes festas. O bufê é de primeira, a bebida, geladíssima, a decoração, sofisticada e o DJ, claro, badalado. Tudo perfeito se os convivas não saíssem do apartamento dizendo que as comemorações são apenas uma jogada de marketing de empresas de eventos. Ou seja, o casal não pagaria um tostão pelos serviços em troca da publicidade que os fornecedores teriam com a publicação de fotos em revistas e a veiculação de seus créditos no programa de TV de Liliana. “Só fiz duas festas patrocinadas na minha casa, assim mesmo porque eram de trabalho”, diz ela, que apresenta o Entrada Franca, na CNT. “Mas é claro que, como recebo muito, costumo ter bons descontos nas firmas.”
Para inglês ver
De cada cinco palavras ditas pelo colunista social Jeff Thomas, uma é no idioma da rainha Elizabeth II ? sempre com sotaque parecido com o dela, claro. Apaixonado pela monarquia britânica, o cronista anglófilo é um prolífico escritor com mais de uma dúzia de obras sobre a alta sociedade carioca. Segundo as más línguas, além de alardear aos quatro cantos sua amizade com o príncipe Charles, Camilla e outros parentes da soberana, Thomas costuma manter em sigilo saborosas historietas do society carioca em troca de módicas contribuições de seus protagonistas. Potiguar de nascimento, mas vivendo no Rio há 40 anos, ele diz que tudo é pura invencionice. “Sou súdito da rainha, mas nunca falei que era amigo de nobres ingleses, never”, afirma. “Quanto a cobrar para não publicar o que sei, como falam por aí, você acha que se fosse verdade eu moraria num quarto e sala em Copacabana? Estaria em Londres, my dear.”
Biblioteca cenográfica
O empresário Humberto Saade ficou conhecido do grande público ao posar, nos anos 80, para anúncios de sua grife, a Dijon, ao lado da modelo Luiza Brunet. Jovenzinha, ela aparecia sempre de jeans e nua da cintura para cima, escondendo os seios. As propagandas são lembradas até hoje, da mesma forma que a invejável biblioteca que existia no seu antigo apartamento, no Arpoador. Imponente, ostentava estantes do chão ao teto, preenchidas por vistosas obras encadernadas em couro. Conhecedores de livros raros e de truques de decoração juram, entretanto, que tudo não passava de jogo de cena. Os volumes eram caixas de madeira com uma das laterais simulando lombada. “Eu realmente tinha livros de mentira, mas só em um cantinho, para disfarçar uma viga na parede”, conta o empresário.
Amizade terna
Longas amizades recheadas com demonstrações explícitas de ternura sempre foram combustível farto para disse me disse. Uma das mais comentadas é a que envolve o presidente honorário da Fifa, João Havelange, e Lúcia Bandeira, ex-aeromoça da Panair, empresa pioneira da aviação nacional. Casado há mais de seis décadas com Ana Maria Havelange, ele teria conhecido Lúcia nos anos 60, em um voo internacional. Daí se consolidaram fortes vínculos. Até o início deste ano ambos podiam ser vistos juntos às sextas-feiras no restaurante Antiquarius, no Leblon. Procurados por VEJA RIO, representantes do ex-dirigente esportivo disseram que ele está em convalescença e não se pronunciaria sobre o assunto.
Polêmica em jogo
O casal Maninha e Leleco Barbosa é conhecido nas altas-rodas como um dos mais animados. Pelo menos três vezes por semana comparece a eventos seja da sociedade tradicional, seja de emergentes além-Túnel do Joá. A mansão da família, na Barra, também é notória por suas recepções. Frequentadores do salão dos Barbosa costumam dizer que, além do uísque à larga, tais reuniões incluem animadas rodadas de carteado de alto cacife. Maldade. “Nunca permitiria isso na minha casa”, diz Maninha. Ela confirma que seu marido, filho de Chacrinha, o Velho Guerreiro, gosta de jogar, mas apenas quando viaja ao Uruguai ou aos Estados Unidos.
Com a bênção da princesa
O empresário Tony Mayrink Veiga encarnou entre os anos 70 e 90 o papel de milionário sul-americano prestigiado no jet set internacional. Com base fixa na capital francesa, ele e a mulher, Carmen, frequentavam festas em castelos, palácios e nos mais chiques endereços do circuito Paris-Londres-Nova York. O que se fala nos salões, no entanto, é que o acesso a esse mundo teria sido franqueado depois de Tony pagar uma polpuda quantia à princesa Ghislaine de Polignac (1918-2010), uma influente locomotiva social na Europa. “Isso não faz o menor sentido, mesmo porque ela era riquíssima”, afirma o empresário. “Nunca precisei de ninguém para ir a lugar algum.”
Disputa fora do campo
Não convidem para a mesma mesa o empresário Olavo Monteiro de Carvalho e o ex-cartola Eurico Miranda. É público e notório que os dois são inimigos mortais. Tamanho azedume vem dos tempos em que Eurico trabalhou na Besouro Veículos, uma revendedora da Volkswagen de propriedade da família Monteiro de Carvalho. “O clima ficou ruim depois que constatamos sérios problemas na gestão dele”, diz o empresário. Os dois só se toleram no mesmo ambiente quando estão na sede do Vasco da Gama, no qual Carvalho preside a assembleia e Miranda, o conselho benemérito. “Da mesma forma que me empenhei para colocá-lo na diretoria, eu me esforcei muito para tirá-lo de lá”, dispara o empresário.
À caça de um flash
Nascida e criada na Baixada Fluminense, a empresária Ana Lúcia Coutinho pode se orgulhar hoje de ter ingressado no mundo dourado das socialites. Com frequência, sua foto aparece estampada em colunas sociais. A exposição é tanta que ela recentemente recebeu um convite para participar da nova temporada do reality show Mulheres Ricas. A fama veio acompanhada de muito bafafá. Um deles dá conta de que muito de seu sucesso é decorrente do profissionalismo de seu assessor de imprensa, com bom trânsito nas altas-rodas para apresentá-la a colunistas e fotógrafos. Mauro Guerra, o assessor, confirma o trabalho. Ana Lúcia nega veementemente. “Quem tem boca fala o que quer, mas não é verdade. Já tive assessoria, mas só para a minha empresa.”
O fundo do poço
A socialite Maria Helena Guinle, terceira mulher do playboy Jorginho Guinle (1916-2004), já foi cliente da Maison Chanel, usou joias fabulosas e frequentou os círculos mais exclusivos. Hoje vive no ostracismo, e, segundo se comenta, se o poço do society tem fundo, ela está lá perto. Há algumas semanas, esteve no salão do badalado cabeleireiro Flávio Priscott dizendo-se rica novamente e fez tintura no cabelo, hidratação, escova e unhas. Ficou de voltar no outro dia para pagar. Sumiu. “Ela era uma rainha da sociedade e agora vive uma maldição”, lamenta o cabeleireiro, que não pensa em cobrar a conta, pois ainda a considera uma diva.
Abalou Bangu
Há quem diga que, entre um brilhante negro e outro branco, a socialite Marise Gollo fica com os dois. De uma família de fazendeiros de Mato Grosso do Sul, ela faz a festa das vendedoras das joalherias cariocas. A fama de compradora compulsiva não a incomoda. O que chateia mesmo a moradora do Jardim Pernambuco é o comentário recorrente de que suas raízes estão firmemente plantadas em Bangu, onde teria morado e estudado quando jovem. “Nunca omiti a minha ligação com esse lugar. Papai tinha chácara lá, mas sempre vivi na Zona Sul”, diz.
Separação de arromba
Uma festa ribombante marcou a inauguração da loja de roupas da empresária Danny Teich, no BarraShopping, em novembro passado. Os convidados se espremiam em meio a legiões de celebridades contratadas a peso de ouro, como as atrizes Priscila Fantin e Thaila Ayala. No comando das carrapetas, o dublê de DJ Jesus Luz, ex de Madonna. Há poucas semanas, outro forte burburinho agitou o local. Testemunhas juram que Danny, recém-separada do médico e empresário Nelson Teich, entrou na loja, garimpou as melhores peças nas araras e se mandou. “É óbvio que não foi assim. Eu não abandonaria meu negócio”, assegura. Mas o fato é que a loja reluzente arriou as portas e Danny partiu para São Paulo.
Pedágio para a alta-roda
Ter o nome incluído no livro Sociedade Brasileira, a bíblia dos bem-nascidos, é sinônimo de status e poder. Na última edição, de 2010, um estreante chamava atenção. Nem tanto pelo pomposo sobrenome, mas pelo mexerico que o acompanhava. Alessandro Wassilieff Ofrosimoff, representante de um plano de saúde internacional que se diz descendente de nobres russos, teria ingressado na lista compilada pela socialite Lourdes Catão depois de pagar uma generosa quantia. Para a autora, tanto ela quanto Ofrosimoff foram vítimas de um golpe. “Uma pessoa que já constava no livro me sugeriu o nome dele. Depois descobri que ela havia pedido dinheiro para indicá-lo.” E vai além. “O que aconteceu foi um absurdo. Jamais cobrei nem autorizei alguém a fazer isso”, completa.
Amigo para todas as horas
Quando o assunto na alta sociedade é generosidade, a conversa recai sobre um nome: Germano Gerdau. Vice-presidente do Conselho de Administração de um dos maiores grupos siderúrgicos do país, o empresário é conhecido por ser mão-abertíssima com namoradas. Uma das ex, a mineira Anna Vitória Motta, ganhou do amado uma cobertura em São Conrado, um tríplex em Belo Horizonte e, comenta-se, 50 milhões de reais para despesas pessoais. Com os amigos, embora os mimos não cheguem nem perto, ele também é só gentilezas. Encantado com as descrições de Sevilha num dos livros da colunista Danuza Leão, ele a convidou, em maio passado, para se juntar a um grupo numa viagem à cidade espanhola. Todos os gastos, claro, correram por conta do anfitrião. “Foram dez dias estupendos”, diz Danuza. “Que maravilha se eu tivesse muitos amigos tão gentis e educados como o Germano.”
Convite de grego
Com uma movimentada agenda social, a socialite Márcia Veríssimo é do tipo que cultiva amigos tanto na sociedade emergente quanto na tradicional. Boa parte deles bateu ponto no seu aniversário, em julho, na Churrascaria Oásis. A lista de adesão – leia-se cada um paga a sua picanha – tinha mais de oitenta nomes. A festa foi um sucesso, com exceção de um detalhe: causou estranheza a sugestão feita aos convidados para que eles contribuíssem com a compra do presente, um anel de ouro rosé e brilhantes das designers Léa e Esther Nigri. “Quem conhece só um pouquinho de sociedade sabe que isso é a coisa mais natural do mundo”, irrita-se. “Não há nada de mais, várias socialites fazem isso”, completa ela.
Movido a champanhe Cristal
Se tem uma coisa que os ricos sabem fazer é torrar dinheiro. O empresário Wilsinho Pereira, filho dos emergentes Tânia e Wilson Pereira, que o diga. Ele é conhecido como o maior esbanjador da nova sociedade carioca. Há dois anos, em um único dia, o rapaz teria gasto 300?000 euros (quase 1 milhão de reais) em uma farra no clube Les Caves du Roy, em Saint-Tropez. Em 2011, detonou o cartão mais uma vez no balneário francês. O playboy distribuiu numa noite, na mesma boate, cem garrafas de Cristal, conhecido como o rei dos champanhes. A cena foi presenciada por vários bem-nascidos do Rio e de São Paulo. Em Miami, onde esteve no início do ano, voltou a abrir a carteira com gosto. Procurado, não respondeu aos telefonemas ou e-mails.
Brasília? Só a turismo
Em qualquer evento social em que apareça, o carioca Carlos Freitas é sempre saudado da mesma forma: “Senador!”. Ele acata a deferência de bom grado. As pessoas em volta têm certeza de estar diante de um parlamentar. Bon-vivant, o fiscal aposentado, porém, nunca pôs os pés em nenhuma sessão plenária em Brasília. Comenta-se que a história começou na Europa, quando Freitas e meia dúzia de colunáveis foram barrados na entrada de uma boate. Um dos presentes, de gaiatice, deu uma carteirada dizendo que no grupo havia um importante político. As portas do night club se abriram. “Não sou eu que me intitulo desta forma, são os amigos”, explica. “Fui eleito por eles.”
O poder de um sobrenome
Ter um nome conhecido mundialmente sempre abre portas. No caso da socialite Beth Winston há quem jure de pés juntos que ela é herdeira do joalheiro americano Harry Winston (1896-1978), fundador da grife batizada com seu nome que até hoje seduz reis, empresários potentados e a elite de Hollywood. Para outros, o parentesco não passa de uma invenção deslavada da própria colunável. O fato de ela ser do tipo mão-aberta, que vive bancando em sua casa na Barra almoços, jantares e homenagens a nomes badalados, alguns que mal conhece, põe ainda mais lenha nos comentários. “Esse vínculo não existe. Nunca alimentei essa especulação”, diz.
Estirpe nobre
O assunto é tratado com certa reserva na sociedade. Para muita gente, a história de que a promoter Patrícia Brandão, especializada no mercado de luxo, seria descendente do imperador francês Carlos Luís Napoleão Bonaparte (1808-1873), o Napoleão III, não passaria de uma lorota. Há quem diga, inclusive, tratar-se de puro marketing. “Essa história não é folclore, é verdade mesmo”, afirma a ex-relações-públicas do Copacabana Palace. Seu sobrenome paterno, Boiteux, seria originário de um soldado coxo do pelotão de Napoleão (boiteux significa manco em francês). Ele era primo-irmão do antigo monarca da França. “Meu pai descobriu a história depois de uma longa pesquisa em Paris”, conta.
A amiga da onça
Poucas coisas costumam ser mais cruéis para quem almeja uma vida de festas e badalação do que ser colocado na geladeira pelos pares. Pior que isso, só ver uma recepção cuidadosamente preparada ir por água abaixo por falta de convidados. Corre à boca pequena que esse é o motivo de a estilista Lu Peres decidir celebrar seu casamento com Eduardo Colombo, herdeiro da Piraquê, no dia 1º de setembro, em uma cerimônia intimista, reservada à família e aos mais próximos. Muita gente não teria digerido o romance, uma vez que Colombo ainda vivia com a melhor amiga de Lu, Heloísa Groth, quando ele começou. “É fato que, desde então, umas quatro ou cinco pessoas viraram a cara para mim. Fazer o quê?”
A vítima do Madoff
O tempo fechou no Country Club, reduto de endinheirados e sobrenomes tradicionais em Ipanema, quando estourou a maior fraude financeira da história dos Estados Unidos, em 2008, protagonizada pelo megaescroque Bernard Madoff. Vários sócios perderam rios de dinheiro aplicados no fundo gerenciado por ele, cuja captação era feita no Rio pela família Haegler. Em meio ao desespero geral, a socialite Regina Rique teria espalhado a notícia de que era uma das vítimas e de que teria perdido muito dinheiro com o golpe. Dentro da sociedade ficou a impressão de que ela queria apenas surfar no prestígio (se é que existe algum) de sofrer uma rombuda perda financeira. “Nunca apliquei nem disse que tinha aplicado um tostão nesse fundo”, esbraveja.
Chanel made in China
Herdeira do Grupo Monteiro Aranha, a estilista Astrid Monteiro de Carvalho foi sócia de uma loja no Fashion Mall e recentemente criou uma marca de camisetas. Bem relacionada e íntima do mundo fashion, ela se viu há alguns meses no epicentro de um escândalo. A socialite vendeu uma leva de bolsas da grife francesa Chanel a vários amigos, como a jornalista Glória Maria e o colunista Bruno Astuto. Pouco tempo depois, um dos acessórios apresentou defeito na ferragem e rapidamente se espalhou a notícia de que as bolsas não passavam de imitações. “Também fui enganada nessa história. Assim que percebi que não eram autênticas, liguei para todos dizendo que poderiam devolver”, afirma. Astrid conta que as peças pertenciam a uma fornecedora de São Paulo.
Arroz de festa
Onipresente, a locomotiva social Renata Fraga pode ser vista num mesmo dia num café da manhã promovido por uma grife, depois num brunch com as amigas, num desfile de moda à tarde e, por último, em um aniversário. É o chamado “circuito inauguração de bueiro e lançamento de poste”. Com uma agenda intensa e o rosto frequentemente estampado em jornais e blogs, ela disparou a seguinte pérola ao ser fotografada em um evento ao lado da presidente: “Até Dilma encosta em mim para sair nas colunas”. Não à toa, ganhou fama de arroz de festa. “Basta botar o pé na rua para todo mundo falar de você”, desdenha. “Por que vou ficar em casa se posso ir a uma recepção?”
Sem economia no brilho
Jantares black-tie estão cada vez mais escassos na cidade. Uma das poucas anfitriãs a manter a tradição é Angélique Chartouny, viúva de um milionário libanês nascida em Belém do Pará e que vive num belo apartamento na Avenida Atlântica. Além do serviço impecável, chama atenção nas recepções o tamanho das pedras nos colares e brincos que usa. Ora são de brilhantes, ora de esmeraldas, ora de rubis. O falatório segue na mesma proporção das peças. Para muita gente, não passam de bijuterias de primeira. Angélique diz que tudo é verdadeiro. E emenda: “Existem joias e joias. Cada um usa o que pode”.