As imagens das agressões sofridas pelos entregadores Max Angelo dos Santos e Viviane Maria de Souza, em São Conrado, no último domingo (9), somam-se às centenas de outras que se multiplicam no Rio. A autora do crime, a ex-jogadora de vôlei Sandra Mathias Correia de Sá, é investigada por injúria e lesão corporal após usar a coleira de seu cachorro para dar chibatadas nas costas de Max, que é morador da Rocinha. A criminosa também mordeu Viviane e agrediuverbalmente as duas vítimas, mandando que “voltassem para a favela”. Agressões verbais e físicas contra pessoas negras no estado quase dobraram de 2021 para 2022, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP).
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Segundo os dados do ISP, em 2022, foram 1.883 denúncias – o número representa um aumento de 529 casos em relação ao ano anterior, aproximadamente 40% das 1.354 agressões sofridas por pessoas negras em 2021. O instituto ainda não divulgou os dados do primeiro trimestre de 2023.
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“Volta pra favela”, “macaca suja” e “preto safado” são apenas alguns dos xingamentos ouvidos por vítimas de injúria racial no Rio nos últimos seis Segundo Douglas Belchior, co-fundador da Uneafro Brasil (uma das entidades que forma a Coalizão Negra por Direitos), o crescimento nos registros reflete o aumento da importância de temas raciais na sociedade. Em entrevista ao jornal O Globo, ele explica que, apesar da maior notoriedade nos casos de injúria no estado e no país, ainda é difícil ver agressores racistas cumprirem penas que estejam alinhadas com a legislação: “O movimento negro exige a garantia da conquista que tivemos na Constituição Federal de 1988. Nela, está constatado que racismo é crime inafiançável e qualquer cenário que fuja disso não está correto. Ao aliviar a pena em casos de injúria, a Justiça deixa de educar a população. A lei precisa agir e repercutir para que a sociedade entenda a gravidade do crime“.