Escrito em 1980 pelo cartunista Ziraldo, O Menino Maluquinho conta as aventuras de um garoto alegre e travesso. A obra foi a responsável por despertar em Janine Rodrigues o gosto pela leitura. “Eu a ganhei ainda criança dos meus pais e a guardo até hoje com muito carinho”, conta. Apaixonada por livros desde a infância, ela participou de diversos concursos de redação e poesia durante a adolescência, mantendo-se sempre entre os primeiros colocados. Apesar da evidente vocação para a literatura, demorou a encontrar-se na profissão. Chegou a tentar três universidades antes de enveredar pela carreira de escritora. “Depois de cursar letras e direito e ver que não era o que eu queria, formei-me em gestão ambiental e trabalhei na área durante alguns anos, mas continuava inquieta.” Janine então tomou coragem para investir em sua paixão, procurou editoras e, em 2013, lançou seu primeiro livro para o público infantil, No Reino da Pirapora. Hoje, aos 34 anos e com mais uma obra publicada — As Duas Bonecas Azuis —, ela comanda oficinas de leitura e criação literária em escolas, museus e bibliotecas com o objetivo de despertar o gosto pelos livros desde cedo.
“A leitura não precisa ser uma atividade solitária; é possível divertir-se muito com ela”
A ideia surgiu de forma despretensiosa, quando Janine lançou a primeira obra. Desde então, a proposta amadureceu e se transformou no projeto Piraporiando, que já realizou 368 oficinas no Rio, em outros sete estados e até na Argentina. Durante os encontros, os pequenos são convidados a se colocar no lugar dos personagens e elaborar seu próprio final para as historinhas. “O fato de ficarem sempre na posição de ouvintes me incomodava. Dando voz a elas, podemos saber o que estão sentindo e o que pensam”, explica a escritora. As atividades, sempre gratuitas, são voltadas para crianças de 5 a 10 anos, que participam ainda de oficinas de leitura e troca-troca de livros. Janine acredita também que tratar de assuntos como bullying e preconceito de forma lúdica pode ajudá-las a se tornarem mais tolerantes. “Mostramos outras perspectivas, outras culturas e outras formas de organização, tudo com diálogo e brincadeiras. A leitura não precisa ser uma atividade solitária; é possível divertir-se muito com ela”, garante a idealizadora do projeto, que sonha conseguir promover um grande intercâmbio de experiências entre crianças de todo o Brasil.
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