No fim de semana do último Dia dos Pais, cerca de sessenta jovens da Zona Sul abriram mão das comemorações em família para passar o sábado e o domingo em Nova Iguaçu. O programa? Pôr a mão na massa para fazer benfeitorias na Fundação Santa Bárbara, sítio que abriga 21 crianças encaminhadas pelo Conselho Tutelar da região. Criado em 1991, o abrigo recebe outros 26 pequenos moradores da região que também participam das atividades oferecidas no local. Com a ajuda da garotada, os voluntários transformaram um terreno baldio repleto de lixo e mato em um campo de futebol, pintaram 100 metros de muro e as paredes internas, e ainda reformaram a brinquedoteca. Para concluir a empreitada, estimada em 15 000 reais, eles não tiraram do bolso um centavo. Todos os recursos, tintas, cimento e até um trator usado para fazer a terraplanagem do campo vieram de doações de comerciantes locais, contatados pelo grupo com antecedência. “A ideia é fazer o bem sem pôr a mão no bolso”, explica o produtor cultural Guilherme Araújo, um dos organizadores da ação, que reuniu os amigos dos amigos e seguiu uma metodologia chamada de Jogo Oasis, criada pelo Instituto Elos, uma ONG brasileira sediada em Santos (SP).
Como num jogo de tabuleiro, por isso o nome Jogo Oasis, é preciso avançar uma casa por vez. Nesse caso, são sete etapas, que vão da escolha do lugar que receberá as benfeitorias até a avaliação do trabalho concluído. O objetivo é sempre o mesmo: mobilizar voluntários e moradores para realizar transformações, sempre partindo de uma necessidade local comum. “Para que todos vençam o jogo, cada envolvido ajuda com o que pode. Sejam doações, conhecimento técnico ou apenas mão de obra”, explica Valdeci Rocha, do Elos. Criado em 2003, o projeto ganhou notoriedade em 2009, quando uma grande mobilização em torno de cidades de Santa Catarina destruídas pela chuva reuniu cerca de 300 jovens do país inteiro. Hoje, o Oasis está presente em mais de vinte países e já contabiliza cerca de 245 ações. O próximo projeto a ser executado por aqui ainda não foi definido, mas as propostas já estão em estudo. Qualquer um pode aprender o método, disponível no site da ONG, para criar seu próprio jogo, como fez a gaúcha Laura Bartelle, responsável pela primeira iniciativa na cidade junto com a amiga Júlia Abreu e o namorado Guilherme. “As pessoas querem fazer a diferença, mas muitas vezes não sabem como começar”, finaliza. Está aí uma boa ideia para dar a largada.