Apenas quatro bancos diante do balcão, dentro da loja acanhada, passam a falsa impressão de que o trabalho por lá é pouco. Quando vai chegando o fim do dia, no entanto, uma dezena de mesas espalha-se do lado de fora para acomodar a turma da happy hour em diante. E aí José Jorge Souza, 41 anos, o único atendente do lugar, começa a se desdobrar. Sem tirar o sorriso do rosto, não deixa copo vazio. Nascido em Queimados, na região metropolitana de Campina Grande, na Paraíba, veio para o Rio ainda pequeno, ao lado do pai, mestre de obras, da mãe, costureira, e de três irmãos. No ofício desde os 14, dez anos mais tarde passou a dar expediente no Bar Rebouças. Na mesma rua do Jardim Botânico onde reluzem fachadas como as da pizzaria Bráz e do faustoso chinês Mr. Lam, o boteco se distingue pela simplicidade franciscana. Serve jiló ao vinagrete e cerveja em garrafa de marcas mais conhecidas, além de um razoável estoque de cachaças. A clientela reunida em torno desse cardápio enxuto inclui muitos artistas. O cantor Toni Platão e o ator Gregório Duvivier são alguns dos habitués. Outro da turma, o cineasta Cláudio Assis já comentou por lá que personagens de seu próximo filme, Febre do Rato, serão inspirados na fauna local. Comes, bebes e o, digamos, décor não explicam o sucesso do lugar. Esse mérito, portanto, vai mesmo para Jorginho, botafoguense de coração e, como um bom garçom, sempre discreto. “Os clientes precisam ficar à vontade”, ensina.