João Pedro Ávila seria um típico estudante do Ensino Médio, se a paixão esportiva não tivesse atravessado o seu caminho há cinco anos nas areias de Ipanema. À rotina de aulas e programas da agenda adolescente, somou uma maratona de treinos, competições, viagens. Ainda assim, o campeão nacional de vôlei de praia (categoria infanto) encontra brechas para viver intensamente o Rio.
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Aos 16 anos, o atleta do Flamengo faz da cidade seu “purgatório da beleza e do caos”, como canta Fernanda Abreu. Dela extrai o oxigênio para conciliar as exigências da vida escolar, os sonhos juvenis e as exigências de uma carreira esportiva promissora.
Quando não está mergulhado nas horas diárias de treino à beira-mar e nas demandas escolares, o talentoso JP, como é chamado, curte de bicicleta a paisagens cinematográficas da Zona Sul – como a Lagoa e a própria orlada praia, transformada em ambiente de trabalho. Faz questão de pedalar para os treinos mesmo em dias chuvosos.
“Sou privilegiado. O Rio é encantador. Para nós, moradores, e todos que vêm jogar. Os campeonatos tendem a ser mais procurados. Afinal, quem não quer jogar aqui?”, reverencia JP.
João sempre busca, na medida do possível, encontrar os amigos. Alguns persuadi-lo a “sair um pouco dessa realidade” e fazer programas usuais dos garotos da idade. Mas nada o seduz mais do que as delícias do esporte. JB o considera também uma oportunidade de vivenciar melhor a cidade e a natureza que a embeleza:
“O vôlei de praia interage muito com o ambiente. A praia da Urca, por exemplo, tem um visual incrível. Todos os atletas comentam que é difícil comparar com outros lugares, como parques e clubes, em que jogamos”.
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Seria melhor ainda, ressalta JP, se o cenário fosse acompanhado de uma melhor segurança pública:
“O sentimento de insegurança ainda assombra o Rio. Há cidades em que a gente fica mais confortável. Atividades básicas como caminhar com o celular na mão despertam mais preocupação aqui, e dar uma volta como turista infelizmente são mais difíceis por aqui.”
Aliado ao esporte, as disputas nacionais do vôlei de praia e o fantasma da insegurança pública não são os únicos desafios enfrentados pelo jovem. Ele também transpira para conciliar a abnegação de atleta profissional com os estudos. Reúne esforços para não ingressar na lista dos jogadores de base que abandonam a sala de aula para investir na carreira esportiva.
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“Todo mundo tem que ter um plano B. Mesmo que consiga se tornar um jogador profissional, com sorte, aos 35 anos, a carreira de atleta acaba”, pondera. Para manter-se equilibrado entre competições, viagens, treinos e aulas no colégio, JP escala as conveniências digitais. “Graças ao ensino online, que avançou nos últimos anos, consigo conciliar minhas rotinas de atleta e estudante”, ressalta.
O jovem mostra igual parcimônia em relação às projeções nas quadras de vôlei. Não se deixa deslumbrar por prognósticos de frequentar pódios na elite mundial da areia. “A caminhada de atleta é cercada de incertezas”, reconhece.
* Guilherme T. T. Frota, estudante de Jornalismo da PUC-Rio, com orientação de professores da universidade e revisão final de Veja Rio.