Leandro Vieira, carnavalesco das escolas de samba Mangueira e Império Serrano, foi o primeiro convidado do Projeto Cena Carioca, série de lives conduzida pela jornalista e colunista de VEJA Rio Rita Fernandes no Instagram de VEJA RIO.
No papo, Vieira refletiu sobre o futuro do Carnaval carioca. “Anunciar enredo agora é também dizer que, de alguma forma, as coisas estão normais. Mas temos de nos convencer de que a vida está diferente”, disse ele.
O carnavalesco admitiu que ainda não sabe quais serão os temas das escolas que lidera no próximo Carnaval, já que a folia pode não acontecer por conta da pandemia do novo coronavírus.
Leandro Vieira ressaltou a importância da arte na sua vida. “É o que está me mantendo minha sanidade”, falou.
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Abaixo, confira trechos da conversa:
Futuro do Carnaval:
“Não podemos assumir a posição de normatizar essa situação que estamos vivendo. Vou ser honesto: o carioca tem me deixado decepcionado. Vejo pelo meu bairro, no subúrbio, que a maioria não levou a sério o isolamento. Eu fico pensando, numa situação tão complicada, será que é a hora de falar em Carnaval? Anunciar enredo agora é também dizer que de alguma forma as coisas estão normais. Estou estudando, produzindo figurinos, mas mais para manter minha sanidade. Não vejo sentido em falar dos próximos desfiles agora”
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Fé, festa e política
“De alguma forma fé, festa e política são coisas presentes em todos os trabalhos que desenvolvi como carnavalesco. Estou trilhando um caminho e não faz sentido sair dele. Claro que encontramos diversificações: ora por um caminho mais político, ora mais cultural. Sigo apaixonado pelo Brasil. Eu não sei qual vai ser o meu próximo enredo, mas todas as ideias que eu tive dialogam com a cultura brasileira. Quero seguir falando do Brasil que eu acredito. Um enredo de escola de samba pode ensinar muito. ”
Brasil real versus Brasil oficial
“Machado de Assis tem uma frase sobre a existência de dois países diferentes: o Brasil oficial e o real. O oficial é caricato, político. O real é do povo. E eu me interesso pelo real. Pelo Brasil das particularidades, do Carnaval. Quero produzir reflexões e documentos sobre esse país, afinal sabemos tão pouco dele… Isso me alimenta”.
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Arte salva
“Quando acabou o Carnaval de 2020, meu plano era passar dois meses em Salvador, de férias. Fomos pegos por essa pandemia. Já passei por todas as fases no isolamento: comer tudo, fazer dieta, exercício e a preguiça. Nos últimos anos, a figura do artista foi muito demonizada. Mas hoje, isolados, só estamos conseguindo passar por isso porque existe a produção artística. Eu estou passando o isolamento mergulhado no mundo da arte”.