Expressão máxima da espontaneidade que faz a fama do espírito carioca mundo afora, as gírias que de tempos em tempos são incorporadas ao nosso linguajar acabam de ganhar uma espécie de compêndio próprio. Tal qual uma mini-enciclopédia, o livro Carioca de A a Z ? 50 Sacadas para Curtir o Rio, do publicitário André Eppinghaus, é uma espécie de glossário da gaiatice típica que brota espontaneamente das praias, morros, pistas de skates e botecos locais. O objetivo por trás da empreitada foi reunir meia centena de palavras e expressões cujo significado exato só quem tem muita familiaridade com a cidade conhece. Organizado em ordem alfabética, o glossário tem versões em português e inglês e reúne desde corruptelas linguísticas como Xá Comigo a curiosidade típicas locais como Ovo Rosa ? iguaria típica da baixa gastronomia carioca. “É um guia diferente, que não se propõe a dar dicas”, explica Eppinghaus, que lança a obra no sábado (7). “A ideia é mostrar esse espírito democrático e único do carioca, fazendo com que o visitante se sinta em casa.”
Paralelamente à simpatia, informalidade e à intimidade quase instantânea que estabelece com estranhos, os habitantes da capital fluminense ? nativos ou adotivos ? vivem em um universo recheado de códigos peculiares, bastante cifrado para os não iniciados. Afinal de contas,nós nos julgamos os seres humanos mais privilegiados do planeta justamente por viver aqui. Isso não significa que esnobamos quem vem de fora. “Por ter sido capital federal, o Rio é uma cidade que aprendeu a conviver com a grande diversidade cultural, agregadora e aberta ao diferente”, diz o antropólogo e professor da PUC Bernardo Conde. Com a publicação de Carioca de A a Z, com seu texto bem humorado e alguns toques de lirismo, o recém-chegado recebe uma espécie de boas vindas e ganha uma introdução a algumas das delícias que a cidade oferece.