Formada em psicologia, a niteroiense Luciana Boschi já havia trabalhado na área de recursos humanos de grandes corporações quando, em 1998, descobriu um mundo novo através de um curso de grafologia, ferramenta que utiliza a análise da escrita para inferir traços da personalidade dos indivíduos. Hoje, aos 52 anos, é autora de três livros sobre essa técnica, utilizada nas atividades de sua firma de consultoria, especializada em mapeamento de competências para pessoas e empresas. Acostumada a conviver em um ambiente familiar em que sempre se valorizou o trabalho voluntário, ela vem, desde 2005, oferecendo oficinas gratuitas — que usam o exame da grafia como ferramenta — nas quais sua expertise é compartilhada com quem não poderia pagar pelo serviço. “Percebi que há um despreparo muito grande dos candidatos a emprego. Boa parte não sabe como se vestir e se comportar em uma entrevista, por exemplo.” Recentemente, essas ações ganharam uma nova frente: desde o início deste ano, Luciana visita pessoalmente o projeto Gente Brasil, que contempla adolescentes em Niterói, para oferecer orientação profissional por meio da grafologia.
“O que faço é encurtar a distância entre esses jovens e o mercado de trabalho”
Em plantões que acontecem uma vez por mês, ela atende os jovens individualmente e utiliza a análise da letra para mapear seus pontos fortes e indicar carreiras apropriadas à sua personalidade. Em cada sessão, que dura em torno de trinta minutos, os adolescentes devem redigir uma redação de tema livre, enquanto Luciana analisa tanto o modo como eles escrevem quanto as características de cada letra. “Avaliamos o nível de criatividade e maturidade, mas vamos além ao examinar a grafia. Traços inclinados para a direita, por exemplo, representam pessoas com mais iniciativa, enquanto a inclinação para a esquerda mostra um perfil contido”, explica. Ainda neste mês, o trabalho será estendido aos jovens atendidos pela ONG Viva Rio, com sede na Glória, onde Luciana dará plantões quinzenais. A grafóloga, no entanto, sonha criar seu próprio projeto. “Encontro pessoas muito carentes de orientação. O que faço é encurtar a distância entre esses jovens e o mercado de trabalho.”