Luke Dowdney criou um projeto que une lutas e educação na Maré
O antropólogo inglês é o fundador da Associação Luta pela Paz, que há quinze anos oferece atividades aos jovens da região
Luke Dowdney é inglês, mas seu trabalho em prol do desenvolvimento social no Rio, onde se radicou, faz dele praticamente um carioca. Antropólogo e ex-atleta de boxe, ele é o criador da Associação Luta pela Paz, que há quinze anos oferece aulas de artes marciais e atividades educacionais a jovens do Complexo da Maré. A história do projeto, porém, começa antes mesmo de sua fundação. Em 1995, Dowdney concluía o mestrado em antropologia social pela Faculdade de Edimburgo, na Escócia, e escolheu fazer sua tese sobre a violência sofrida por crianças moradoras de rua no Brasil, especificamente no Recife. “Tinha 14 anos quando assisti a um documentário sobre o tema. Fiquei impressionado com o que esses jovens passavam”, lembra. No processo, ele conheceu a ONG carioca Viva Rio, na qual começaria a trabalhar como voluntário em 1997. Foi lá que Dowdney decidiu criar, em 2000, o projeto Luta pela Paz, visando a proporcionar a crianças e jovens uma alternativa de vida distante do crime. Desde então, a iniciativa passou de um pequeno grupo de dez alunos para mais de 2 250 jovens atendidos por ano e, em 2007, tornou-se uma ONG independente.
“Quando vejo alguém que nãoteve oportunidades obter grandes realizações, é uma satisfação enorme”
Atualmente, as atividades abrangem aulas de boxe mais sete tipos de luta, como muay thai, jiu-jítsu e tae kwon do. Além disso, a ONG oferece educação formal para que jovens afastados da escola terminem sua formação, atividades profissionalizantes e apoio social com suporte de psicólogos. À parte a sede no Complexo da Maré, o Luta pela Paz conta com um núcleo em Londres, terra natal do idealizador, e expande cada vez mais suas fronteiras. Em 2010, o projeto se transformou em uma rede de organizações internacionais não lucrativas chamada Fight for Peace Group. Por meio dela, Dowdney treina outras ONGs pelo mundo com a metodologia usada por ele, em um programa que lhe rendeu um prêmio do Comitê Olímpico Internacional. O sucesso é motivo de orgulho para o idealizador, que já vê alguns alunos conquistando medalhas. “Eu acredito no potencial do ser humano. Para isso, é preciso se colocar no lugar do outro e entender suas limitações. Quando vejo alguém que não teve oportunidades obter grandes realizações, é uma satisfação enorme”, diz.
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