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Maioria nas favelas do Rio quer permanência de UPPs

Entretanto, moradores de comunidades pacificadas defendem mudanças no formato

Por Agência Estado
Atualizado em 22 ago 2017, 14h34 - Publicado em 22 ago 2017, 14h32
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  • UPP Vila Kennedy
    Vila Kennedy é a comunidade com maior número de confrontos em março (Agnaldo Santana/UPP)

    A maior parte dos moradores de favelas com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) não considera que elas tenham melhorado sua vida, nem sua sensação de segurança. Mas também não considera que tenham trazido problemas às comunidades onde vivem – e quase 60% preferem que elas permaneçam, embora com mudanças.

    Os impactos do programa, instalado em 38 favelas a partir de 2008 com o objetivo de reduzir a criminalidade e a circulação de armas pesadas, foram analisados pelo Centro de Estudos de Segurança Pública e Cidadania (CESec) da Universidade Candido Mendes. Seis em cada dez entrevistados disseram que as UPPs não trouxeram benefícios à comunidade.

    A pesquisa, cujos resultados são divulgados oficialmente e analisados nesta terça-feira, 22, também perguntou aos moradores: “em que momento você se sentiu mais seguro na comunidade?”. Descobriu que para 44% dos moradores a UPP não fez diferença nesse ponto; constatou também que para 35,8%, a sensação de segurança aumentou depois da instalação da UPP. Para 16,8% (quase um em cada cinco), era mais seguro antes da chegada das unidades.

    Quando a pergunta foi sobre o tratamento dado pelos policiais da UPP à maioria dos moradores, quase um em cada quatro entrevistados (23,9%) disse ser ruim/péssimo. Foi um empate técnico (diferença de 0,9 ponto porcentual) com aqueles que consideraram bom ou ótimo (24,8%). Nesse quesito, o primeiro lugar ficou com o regular (41,4%).

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    O trabalho constatou que, de cada dez entrevistados, praticamente seis (59,7%) querem a permanência da UPP, e quase quatro (35,9%), sua saída. Entre os que desejam que fique, porém, pouco mais de quatro em cada dez (43,7%) apontam a necessidade de mudanças.

    A pesquisa tem 95,5% nível de confiança e foi feita em 118 favelas de diferentes tamanhos. São comunidades pequenas (com menos de 21 mil habitantes), médias (de 21 mil a 50 mil) e grandes (com mais de 50 mil). O período foi de 8 de agosto a 25 de outubro de 2016. Responderam aos questionários 2.479 pessoas acima de 16 anos. Foram abarcadas as áreas de 37 UPPs do município do Rio.

    Os pesquisadores concluíram que o Estado do Rio mantém a lógica de guerra às drogas, com operações constantes para prender traficantes e apreender drogas e armas. Isso se dá em detrimento da ideia de polícia de proximidade, pressuposto
    básico do projeto. Tal dinâmica leva ao descrédito das UPPs pela população das favelas.

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    Inicialmente anunciadas pelo então governador Sergio Cabral Filho (PMDB) e o secretário de Segurança José Mariano Beltrame como uma solução para a violência nas favelas e suas repercussões no “asfalto”, as UPPs passam por grave crise. Ela é evidenciada nos últimos anos pela volta dos tiroteios entre policiais e traficantes.

    Especialistas apontam que o ponto de inflexão foi 2013, quando do desaparecimento e assassinato do auxiliar de pedreiro Amarildo de Souza, depois de preso por PMs da UPP da Favela da Rocinha, na zona sul. O corpo nunca foi achado. “Onde está o Amarildo?” foi um dos motes das manifestações de junho de 2013 no Rio.

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