Nos últimos dois meses, mais de sessenta baleias-jubarte foram vistas no litoral do Rio de Janeiro. Os animais geralmente passam por essa região entre os meses de junho e agosto, quando migram da Antártica e vão em direção a Abrolhos, no Sul da Bahia, para se reproduzirem.
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O corredor migratório da espécie é estudado pelo Projeto Ilhas do Rio, conduzido pelo Instituto Mar Adentro, que pelo segundo ano consecutivo realiza expedições para observar o comportamento dos animais.
E o número de baleias avistadas na costa fluminense tem aumentado a cada ano, segundo Liliane Lodi, coordenadora de pesquisa dos cetáceos. “É uma tendência, porque a população de baleias-jubarte em todo o hemisfério sul está crescendo. Isso tem sido observado no Brasil e na Austrália, com o fim da caça comercial”, explicou a pesquisadora à Agência Brasil.
Em uma das saídas de campo realizadas pelo projeto no início de agosto, no entorno das Ilhas Cagarras, as pesquisadoras Liliane Lodi e Bia Hetzel conseguiram também um registro inédito nas águas cariocas: um bebê de baleia-jubarte nadando ao lado da mãe.
O recém-nascido de pelo menos quatro metros foi batizado de Heloísa, em homenagem à Garota de Ipanema. Para Lodi, o nascimento do filhote é um bom indicativo de que o Rio possa virar uma área de reprodução de baleias-jubarte futuramente.
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Pesquisadores também avistaram em outras expedições grupos de até sete animais passando pelo litoral carioca, em 28 vezes. Somente em uma delas, um grupo de sete baleias-jubarte foi visto nadando e interagindo pacificamente com trinta golfinhos-fliper. Em 2021, uma cena semelhante também foi presenciada, quando 400 golfinhos foram vistos junto às baleias.
Dezoito indivíduos foram identificados este ano individualmente por meio de marcas naturais. Para cada jubarte, o padrão de coloração branco e preto da região inferior da nadadeira caudal é único e funciona como uma impressão digital, possibilitando que os pesquisadores tracem o histórico de vida delas.
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A meta do projeto é continuar monitorando os animais nos próximos anos. “Vai ter continuidade no monitoramento do corredor, em 2023, porque são pesquisas de muito longo prazo. A gente precisa de muitos anos para ter resultados, para ver se o número tem aumentado, se elas continuam passando pela área ou não”, disse Lidiane Lodi.
Por meio de saídas das campo, o projeto monitora os padrões de ocorrência, distribuição, comportamento e movimentos dos cetáceos. Em dez anos, o grupo já registrou a ocorrência de seis espécies no litoral carioca: baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae), baleia-de-bryde (Balaenoptera brydei), baleia-franca-austral (Eubalaena australis), orca (Orcinus orca), golfinho-de-dentes-rugosos (Steno bredanensis) e golfinho-fliper (Tursiops truncatus).