Se na Copa de 2014, realizada no Brasil, o entorno do estádio do Maracanã, no bairro homônimo da Grande Tijuca, era tomado por torcedores e policiamento reforçado, oito anos depois, quando a festa do futebol acontece no Catar, o que se vê na região está longe do legado prometido do megaevento. Entre os problemas apontados por moradores estão lava a jatos clandestinos, lojas de carros que usam uma das faixas da avenida Radial Oeste como estacionamento, pontos de usuários de drogas e insegurança.
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Quem mora no bairro, trabalha na região ou estuda no campus da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), que fica ao lado do estádio, relata a necessidade de mudar a rotina para evitar ser vítima dos constantes assaltos. “A pé quase não ando, porque tenho medo. À noite a situação é ainda pior, fica tudo muito deserto. Falta luz em alguns pontos de ônibus, falta patrulhamento“, diz a podóloga Vânia Apolinário Amâncio da Silva ao G1. Segundo ela, o bairro também sofre com pessoas em situação de rua e lixo espalhado pelas calçadas. “Teve uma reforma no estádio, gastaram milhões e não ficou legado nenhum. No começo, quando teve a Copa do Mundo, você via uma certa segurança e manutenção do entorno. Mas [atualmente] vemos uma falta de conservação“, acrescenta a professora Aline da Conceição Teixeira Machado.
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Segundo o Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP-RJ), os casos de roubo de celular aumentaram 185% na região entre 2014 e 2022: foram 115 assaltos nos entre janeiro e setembro de 2014 e 328 casos no mesmo período deste ano. Já os roubos de veículos cresceram 121% em relação ao mesmo período de 2014: foram 165 entre janeiro e setembro daquele ano e 366 no mesmo período em 2022. De acordo com moradores do entorno do estádio, a formação de uma “cracolândia” na região contribuiu para o aumento da criminalidade. Os usuários de drogas ficam aglomerados em uma praça próxima da Uerj, assi como no entorno da estação da Supervia do Maracanã. A Polícia Militar informou que “nos dias sem eventos esportivos, as ações ostensivas do 6ºBPM (Tijuca) seguem abrangendo o bairro Maracanã, que também conta com a atuação específica de equipe do Programa Bairro Seguro“. Entre os meses de janeiro e setembro, o 6ºBPM efetuou 330 prisões em toda a sua área de policiamento.
Ao longo da avenida Radial Oeste, inúmeros lava a jato clandestinos invadem uma pista da via que passa ao lado do estádio do Maracanã. O grupo utiliza ligações de água e luz irregulares, os chamados “gatos”, para que o comércio ilegal funcione. No mesmo local, onde há lojas de carros, comerciantes usam parte da via como estacionamento para expor seus veículos. A Secretaria municipal de Ordem Pública (Seop) informou que ” realiza operações constantes no local, além das ações em dias de jogos no Maracanã”. Segundo a pasta, “já foram feitas diversas ações de desobstrução do espaço público, lava-jatos, ferros-velhos, remoção de estruturas e ordenamento e acolhimento a pessoas em situação de rua. Como resultado dessas operações foram encontradas ligações clandestinas de água e luz, além do recolhimento de mais de 20 toneladas de materiais e entulhos deixados irregularmente em área pública. As operações seguirão sendo feitas rotineiramente”.
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Muitos moradores relatam que falta iluminação nas ruas do bairro. Em nota, a RioLuz afirma que “o sistema de iluminação pública vem sofrendo ataques de furtos e vandalismos, sendo a região do Maracanã, na Grande Tijuca, uma das mais recorrentes”. Segundo a RioLuz, “nos últimos 50 dias, foram enviadas 37 vezes as equipes técnicas nesta região para restabelecer a iluminação, ou seja, é um furto em menos de 48 horas, de acordo com um levantamento feito pela parceria público-privada (PPP) de iluminação da Prefeitura do Rio, coordenada pela RioLuz, em parceria com a subconcessionária Smart Luz. Além dos cabos da rede elétrica, os criminosos também furtaram, no mês de outubro, 30 luminárias em frente ao estádio do Maracanã”.