Embalados por votações expressivas e agora sob a luz dos refletores, os campeões de votos para a Câmara Federal, Jair Bolsonaro, e a Assembleia Legislativa, Marcelo Freixo, já almejam voos mais altos. O primeiro, motivado pelo cacife eleitoral, acredita que terá chances na disputa para a Presidência da República em 2018. O segundo é mais modesto, mas nem tanto, e já se vê na prefeitura em 2016. Surpresa do pleito, o candidato do PSOL ao Palácio Guanabara, Tarcísio Motta, planeja tornar-se vereador. Os três estão entre os que se deram bem. Já Anthony Garotinho e César Maia são da turma que levou a pior. Confira abaixo quem ganhou e quem perdeu na corrida que ainda reserva fortes emoções no embate entre Pezão e Crivella pelo segundo turno, no dia 26.
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Governo Estadual
Segue a guerra verbal
Em debate promovido por VEJA, VEJA RIO, OAB/RJ e Universidade Estácio, na quarta (8), Marcelo Crivella (PRB) e Luiz Fernando Pezão (PMDB) não pouparam críticas mútuas. “Acho o Pezão uma pessoa sincera, mas minha preocupação é o que está por trás. Ele não manda na campanha e não vai mandar no governo”, disparou o senador. Por sua vez, o rival fez duras críticas às alianças de Crivella. “Toma cuidado com essa convivência com o Garotinho, ele vai fazer o senhor mentir também.” O governador encerrou a discussão chamando-o de Crivellinho.
O azarão em evidência
O professor Tarcísio Motta (PSOL) começou a disputa estadual como ilustre desconhecido. Tal qual um cavalo azarão, disparou nos momentos finais e conseguiu uma marca notável: chegou em terceiro na capital, à frente de Garotinho (PR) e Lindberg (PT). “As pessoas buscaram uma alternativa à mesmice dos outros candidatos”, diz ele, a esta altura já com planos de se eleger vereador em 2016.
O grande derrotado
Apontado pelas pesquisas como o mais provável rival de Pezão (PMDB) no segundo turno, Anthony Garotinho (PR) fez uma campanha baseada numa estratégia belicosa — e se deu mal. Entre os motivos apontados para o naufrágio de sua candidatura está o alto índice de rejeição na capital, onde amargou a quarta colocação, com apenas 10,7% dos votos válidos. Uma vez divulgados os resultados, ele começou a dar pistas de que se aproximaria de Crivella. Na terça passada (7) os dois já conversavam em Campos, com o apoio devidamente selado.
Câmara dos Deputados
Os herdeiros
Filha dos ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Matheus, Clarissa Garotinho (PR) teve 335 000 votos e vai para Brasília.A notícia, no entanto, veio acompanhada pelo choque de ver seu pai fora da corrida ao governo. “Foi uma mistura de sentimentos”, diz. Por sua vez, o filhodo ex-governador Sérgio Cabral, Marco Antônio Cabral (PMDB), também dará prosseguimento ao seu clã na política:foi a opção de cerca de 119 000 eleitores.
Ele quer ser presidente
Candidato mais bem votado para a Câmara dos Deputados, o oficial da reserva do Exército Jair Bolsonaro foi reeleito para o sétimo mandato, conquistando exatos 464 572 eleitores no Estado do Rio. Em apenas quatro anos, ele quadruplicou sua base eleitoral e esse crescimento, acredita, o credencia a concorrer na próxima disputa presidencial, em 2018. “A ditadura do proletariado só está aí porque é mantida por uma massa que, infelizmente, ainda vota com o estômago”, teoriza Bolsonaro, com a sutileza que lhe é peculiar.
Senado
Ex-favelado chegou lá
Eleito com 4,6 milhões de votos (63% do total), o ex-jogador Romário (PSB) comemorou a vitória publicando no Twitter comentários sobre sua origem pobre. “Meus pais não imaginariam, nem no melhor dos cenários, que aquele menino que saiu da maternidade numa caixa de sapatos ocuparia um dos cargos mais altos da República.” E afirmou ainda que é um “ex-favelado que virou senador”. Seu adversário na disputa era o ex-prefeito (por três vezes) Cesar Maia (DEM), que amargou um vexame nas urnas. Na disputa pela vaga somou 1,5 milhão de votos, ou 20,51% do eleitorado: nem um terço, portanto, dos votos dados ao baixinho.
Assembleia Legislativa
O alvo é a prefeitura
Derrotado por Eduardo Paes na disputa de 2012, Marcelo Freixo (PSOL) saiu desta eleição com fôlego renovado. Recebeu cerca de 350 000 votos, tornando-se o deputado estadual mais bem colocado no pleito. “Muitos por aí diziam que eu era o candidato apenas da Zona Sul e dos artistas, mas tive uma votação expressiva em áreas como a Rocinha e nos territórios controlados por milícias, naZona Oeste”, orgulha-se.
Pai e filho no plenário
Líder do fragmentado PMDB fluminense, Jorge Picciani volta à Assembleia após uma tentativa frustrada de eleger-se senador no pleito de 2010. Estará em companhia do filho Rafael Picciani, que ganhou novo mandato pelo mesmo partido. Aliás, também pelo PMDB, seu irmão mais velho, Leonardo, recebeu 180 000 votos, tornando-se o quinto deputado federal mais bem votado.
Com a ajuda do avô
Novato nas urnas, Jorge Felippe Netto (PSD) contou com a expertise da família para virar deputado estadual. O jovem é neto do presidente da Câmara dos Vereadores do Rio, Jorge Felippe (PSD), e enteado do deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB). Mesmo recém-chegado à política, já assume em meio a polêmicas. Um de seus mentores, Bethlem é investigado por suposto envolvimento em propinas quando esteve à frente da Secretaria Municipal de Assistência Social.