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Marcelo Szpilman entrega o AquaRio para a cidade

Visionário e obstinado, o biólogo e especialista em tubarões levou dez anos para realizar o sonho de construir o Aquário Marinho do Rio, na Zona Portuária

Por Sofia Cerqueira
10 dez 2016, 00h00
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  • Uma das histórias mais pitorescas que cercam o Aquário Marinho do Rio (AquaRio) é a insólita conexão entre os imensos tanques de água salgada da região portuária carioca e o filme 007  — O Espião que Me Amava, estrelado por Roger Moore, de 1977. O responsável por essa ligação meio delirante é o diretor-presidente e idealizador da atração recém-inaugurada, Marcelo Szpilman. “Fui assistir ao filme com 16 anos e fiquei fascinado com o fato de Bond, ao se passar por biólogo, identificar peixes por seu nome científico. Naquele momento descobri que queria estudar biologia marinha”, recorda. “E, de certa forma, eu também queria proporcionar um tipo de experiência que levasse outros jovens a ter o mesmo clique que tive com o 007”, explica.

    O aquário que ele criou, por pura obstinação, provoca tal deslumbramento nas pessoas que Szpilman deve se sair bem em seu intento. Afinal, trata‑se de um colosso com 4,5 milhões de litros de água salgada distribuídos em 28 recintos habitados por 2 000 seres marinhos de 300 espécies. A ideia é, além de inspirar novos cientistas, aproximar o público daquele universo tão peculiar que hipnotizou o biólogo nos anos 1970. Criado em Copacabana, Szpilman gosta de citar o oceanógrafo francês Jacques Cousteau (1910-1997) para conceituar a missão de sua obra: “Como ele dizia, ‘só se preserva aquilo que se conhece’ ”. Formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Szpilman conheceu ainda jovem as dificuldades de atuação em uma área com campo profissional limitado. Em meados dos anos 1980, decidiu trabalhar no mercado financeiro. Ganhou dinheiro e, alguns anos depois, voltou à sua verdadeira paixão. Casado e com duas filhas, foi um dos fundadores do Instituto Ecológico Aqualung, em 1994, e tornou-se um dos maiores especialistas em tubarões do país — escreveu cinco livros sobre o assunto. 

    Seu grande sonho, entretanto, era criar um aquário em sua cidade. Montou projetos para um terreno na Barra, para a Marina da Glória e para o píer onde se assenta o Museu do Amanhã. Em 2007, obteve da prefeitura a cessão por cinquenta anos do prédio Cibrazem, na Zona Portuária. Adaptar o lugar foi outra epopeia. “Vivi uma montanha-russa de emoções”, conta. Erguido ao custo de 150 milhões de reais, aplicados por três empresas, o AquaRio tem como objetivo atrair 1 milhão de visitantes por ano. Szpilman confia que a meta será batida com folga. E não se incomoda com críticos que definem o aquário como um cativeiro de animais. “Estamos fazendo ciência e já temos duas pesquisas com a UFRJ”, defende. Orgulhoso, Szpilman tem como um de seus grandes prazeres percorrer sua criação ao lado de visitantes e explicar cada detalhe do lugar, um verdadeiro deslumbre submarino.

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