Marina Ruy Barbosa nem tinha um papel de grande destaque na novela Amor à Vida, de Walcyr Carrasco, exibida entre 2013 e 2014. Acabou, entretanto, se transformando em pivô de uma polêmica que animou sites e colunas especializadas em TV e celebridades. A sinopse previa que sua personagem, Nicole, seria diagnosticada com um linfoma e poderia ser obrigada a cortar as longas madeixas ruivas. Com o andamento da trama, o autor decidiu tosar a cabeleira da moça. Com 17 anos, ela se negou a fazê-lo e obrigou o novelista a mudar os rumos da história — a personagem morreu e virou um fantasma que assombrava seu namorado mau-caráter.
Dizer não a um autor do calibre de Carrasco pode significar o suicídio artístico de uma jovem atriz. No caso de Marina, 21 anos, o episódio provou que ela não apenas tinha personalidade forte como também talento para seguir uma carreira bem-sucedida. “Levo meu trabalho muito a sério desde os 9 anos. Eu faria qualquer coisa em nome de um papel, mas raspar a cabeça sem um motivo? Não dá”, explica ela, em um raro comentário sobre o episódio. “Fui muito julgada por essa decisão, mas o tempo mostra tudo do jeito que é”, diz.
Nem foi necessário esperar muito para ver Marina decolar e voar alto. Depois da malfadada Nicole, ela assumiu a ninfeta Maria Isis, de Império, escrita por Aguinaldo Silva. Amante do Comendador (Alexandre Nero), que a tratava como sweet child, tinha uma mistura irresistível de inocência, sensualidade e atitudes nobres. O desempenho impecável a levou até Eliza, sua primeira protagonista, em Totalmente Demais. “No começo, tive medo de ser rejeitada pelo público”, confessa. “Fazer uma mocinha é complicado, porque é fácil cair no estereótipo da menina chata e sofredora.” Com a garra que imprimiu à sua Cinderela moderna, ela não só caiu nas graças dos espectadores como alavancou a novela, a maior audiência do horário desde 2012.
Em uma dessas transmutações de que só boas atrizes são capazes, voltou a provocar alvoroço, em agosto, com um papel na minissérie Justiça. Na trama, encarnou Isabela, jovem impetuosa e provocante que, depois de dividir cenas tórridas com o ator Jesuíta Barbosa, é assassinada a tiros, nua, no chuveiro. E isso tudo em apenas um capítulo. O tempo no ar foi curto, mas suficiente para transformar as (poucas) roupas que usou na minissérie nas mais requisitadas da Central de Atendimento ao Telespectador (CAT). Tal performance coroou um ano em que Marina, noiva do piloto de stock car Xandinho Negrão, se tornou a atriz que mais fatura com publicidade na Globo — cerca de 30 milhões de reais por ano. Um sinal inequívoco de que a moça leva mesmo seu trabalho muito a sério.