Assassinada na noite desta quarta (14), aos 38 anos, em uma emboscada no Estácio – execução é uma das linhas da investigação policial –, a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) dará nome a uma escola municipal em Guaratiba, na Zona Oeste, segundo comunicado do prefeito Marcelo Crivella nesta quinta (15). Segundo a Prefeitura, a escola Marielle Franco está com 70% das obras concluídas e abrigará mais de mil alunos. Em vida, a parlamentar costumava dizer que era preciso trocar a ponta do fuzil pela ponta do lápis.
Na noite passada, Crivella lamentou o “brutal assassinato” e lembrou a “honradez, bravura e espírito público” da vereadora. “É assim que hoje anoitece a cidade desolada e amargurada pela perda de sua filha inesquecível e inigualável. Que Deus a tenha!”, disse. Já o governador Pezão enfatizou a luta de Marielle contra as desigualdades sociais, raciais e a violência: “Acompanho, com as forças federais e integradas de Segurança, a apuração dos fatos para a punição dos autores desse crime hediondo que tanto nos entristece”, afirmou.
Cotada para o governo do estado
Quarta vereadora mais votada nas eleições de 2016 na cidade, Marielle Franco era cotada para concorrer como vice-governadora, em outubro deste ano, na chapa de Tarcísio Motta, pré-candidato ao governo do estado. A parlamentar lutava pelos direitos humanos e contra o racismo e a violência nas favelas. Quatro dias antes de ser assassinada, ela compartilhou uma denúncia contra ação de PMs na Favela do Acari, Zona Norte. Em suas redes sociais, escreveu: “O 41° batalhão é conhecido como Batalhão da Morte. É assim que sempre operou a polícia militar do Rio de Janeiro e agora opera ainda mais forte com a intervenção. CHEGA de esculachar a população. CHEGA de matar nossos jovens.”
Nascida no Complexo da Maré, Zona Norte, em 27 de julho de 1979, Marielle Francisco da Silva, conhecida como Marielle Franco, se formou em Ciências Sociais pela PUC-Rio após conseguir bolsa integral e fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF) com o tema: “UPP: a redução da favela a três letras”. Seu engajamento na defesa dos direitos humanos foi impulsionado depois que uma amiga próxima morreu vítima de bala perdida, em 2005. Treze anos depois, é a própria Marielle que entra para as estatísticas do crime, possivelmente executada em uma cidade que parece viver fora da lei.