A entrada em grande estilo no circuito deu-se em 2017, com a coletiva Carpintaria para Todos. Voltada para artistas iniciantes, a mostra tinha uma única regra: as obras dos participantes, recebidos por ordem de chegada, deveriam passar pela porta da galeria. Maxwell Alexandre compareceu com uma pintura quatro vezes maior do que o limite máximo permitido, dobrada para respeitar o regulamento. Deu o que falar tanto pela jogada arriscada quanto pela ousadia do trabalho, um mural de tipos e cenas da favela — como PMs, crianças com uniforme de escola pública e o temido caveirão.
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Cria da Rocinha, Maxwell Alexandre conquista espaço no seleto clube da arte contemporânea
Com destemor e talento, MW (como assina suas criações) abre caminho em um clube que não costuma receber artistas negros da periferia. Além da já consistente carreira internacional, os elogios de colegas e especialistas fazem crer que ele vai longe — sempre levando a favela junto. Basicamente, sua história pode ser resumida no nome da obra acima: Não Foi Pedindo Licença que Eu Cheguei Até Aqui, verso da música Abre Caminho, do rapper baiano Baco Exu do Blues.
Para bons entendedores, a presença luminosa de Maxwell na cena da arte contemporânea é um sinal dos tempos. Há outros nas páginas desta edição, como a matéria sobre os esforços para recuperar o centro da cidade, berço histórico do Rio, ou o duro depoimento do músico Vando Bernardo, preso durante quase três anos por um crime que não cometeu. Você ainda saberá mais sobre Jorge Ben Jor, que passa a pandemia isolado no Copacabana Palace, a história de sucesso do Grupo Rão, de delivery, e tendências variadas, do refúgio em casas de temporada a terapias alternativas para pets. Boa leitura.
Fernanda Thedim
editora-chefe de VEJA RIO