O funkeiro MC PQD estava na Avenida Brasil, na altura de Olaria, a caminho de um baile onde iria se apresentar, quando foi preso, na noite de sexta passada (20). José André Ferreira Costa Júnior tinha em aberto um mandado de prisão expedido pela Justiça cearense por associação para o tráfico. Segundo as autoridades do Ceará, PQD pertence ao Comando Vermelho (CV), a maior facção criminosa do Rio, que tem ramificações no Nordeste. “MC PQD, também chamado de ‘malandrex’, ‘paizão’ e ‘relíkia’, posta fotos suas e de seus parceiros municiados com armas longas e com colete à prova de balas”, aponta relatório dos investigadores. Ele, que somava cerca de 650 mil seguidores nas redes sociais até este sábado (21), teve o carro e o celular apreendidos.
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A prisão foi uma ação conjunta da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro com a Diretoria de Operações Integradas e Inteligêcia (Diopi), do Ministério da Justiça. A investigação foi conduzida pela Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Draco-CE), que contou com o apoio da Draco do Rio de Janeiro e da Polinter. “Ele promovia a organização criminosa de origem carioca e com atuação no Ceará”, disse o delegado titular da Draco-CE, Alisson Gomes, ao porta G1. Um relatório da Draco cearense a que a TV Globo teve acesso afirma haver “conteúdo criminoso relevante” no que as páginas do funkeiro postam.
“Percebe-se, nos comentários de suas postagens, que sua imagem está frequentemente vinculada a símbolos associados ao CV, tais como bandeiras vermelhas, trem, o gesto formado com os dedos indicador e médio, o número ‘02’ e o termo ‘trem bala’, elementos simbólicos do Comando Vermelho, especialmente difundidos no Rio de Janeiro”, descreve o relatório. Algumas das músicas de PQD citam a “Tropa do Mantém”, um grupo armado, de acordo com a polícia cearense, “conhecido pelo enfrentamento às polícias e a rivais de outros grupos criminosos”. “O teor de suas publicações (repletas de ostentação financeira e bélica), além de estimular a prática de crimes, reforça a ideologia presente nas facções criminosas ao propagar o respeito e obediência às lideranças, enfrentamento aos grupos rivais, confronto com as polícias, atuação criminosa rotineira, punição aos delatores e guerra por conquista de território visando ampliar o lucro obtido do narcotráfico”, destaca o documento.
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Ao portal UOL, a equipe de MC PCQ disse “que as acusações feitas contra o cantor José André, além de gravíssimas, não são verdadeiras, o que ficara comprovado ao final do processo”. “Infelizmente, não é a primeira vez que assistimos cantores de rap e funk terem seus nomes e imagens vinculadas como se participassem do tráfico de drogas – posição que só revela um racismo estrutural presente em nossa sociedade”, diz em nota.