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Novidades imobiliárias atraem compradores no Rio e mercado cresce 20%

Edifícios novos começar a brotar na paisagem carioca sinalizando uma bem-vinda retomada no setor

Por Saulo Pereira Guimarães
Atualizado em 16 jul 2021, 17h12 - Publicado em 16 jul 2021, 06h00
Lançamentos a todo vapor: quatro novos prédios sobem em Botafogo -
Lançamentos a todo vapor: quatro novos prédios sobem em Botafogo – (Leo Lemos/Veja Rio)

Após o último reajuste no aluguel do apartamento de dois quartos onde mora, na Rua Almirante Guilhem, coração do Leblon, a ex-funcionária do Banco do Brasil Rosângela Lima, 62 anos, achou que era chegada a hora de procurar um imóvel próprio. Escolheu o momento certo — o mercado anda em fase fervilhante na cidade. Um levantamento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico mostra que o número de lançamentos imobiliários cresceu 20% apenas entre janeiro e maio, na comparação com o ano anterior, trazendo de volta à cena carioca tapumes, canteiros de obras e os folhetos com ofertas distribuídos nos sinais de trânsito.

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Uma dessas novidades é o Forma Leblon, da Bait, em construção no endereço da antiga Churrascaria Plataforma. O empreendimento teve as 61 unidades vendidas em 48 horas, ainda na planta — uma delas para Rosângela. “Cheguei a ver alguns imóveis prontos, bem localizados, mas eram antigos e precisariam de muita reforma. Apesar da espera, vou ter uma casa novinha em folha”, celebra a feliz proprietária.

A interrupção nos lançamentos antes e durante a pandemia, gerando uma demanda reprimida, e a redução das taxas de juros dos bancos para o financiamento, que por vezes fazem a parcela da compra ser mais vantajosa que o valor empenhado no aluguel mensal, ajudam a explicar o sucesso das torres que sobem por toda a cidade. No caso de Rosângela, o financiamento será rigorosamente igual ao que ela desembolsa com a atual locação — 4 300 reais mensais.

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A preços variados, o site Lançamentos RJ reúne 71 anúncios na Zona Oeste, mais quarenta só na Barra da Tijuca e outras 74 novidades na disputada Zona Sul. “A região é a locomotiva da retomada. A enorme procura, a escassez de terrenos e os imóveis sempre valorizados fazem com que seja uma área segura para quem constrói”, diz Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio.

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As construtoras andavam desanimadas desde a Olimpíada de 2016, quando imóveis que brotaram às dezenas na cidade encalharam — e a partir daí desaceleraram nos lançamentos. Agora, estão apostando que a maré vai virar. E já começou. “No lançamento de uma das torres, o interesse foi tanto que houve quem chegasse antes do stand de vendas abrir”, lembra Renato Leite, COO da Performance, que ergue
em parceria com a Opportunity Fundo de Investimento Imobiliário o conjunto Jardim Botafogo no terreno em frente ao Canecão.

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Com vista para o Pão de Açúcar, os prédios vão reunir apartamentos de dois, três e quatro quartos entre 1 milhão e 4,7 milhões de reais, e ainda assim a disposição dos compradores tem impressionado o mercado. “As vendas começaram às 8 horas, e às 10h30 os melhores apartamentos já tinham sido arrematados. Fiquei com medo de não conseguir o que queria, mas deu”, relata o empresário Fabio Fernandez, após adquirir uma das sessenta unidades do On The Sea, no Arpoador, cujo preço médio é de 3 milhões de reais.

Após uma década sem novidades, a região vê sair do chão o residencial da RJZ Cyrela. No Jardim Oceânico, na Barra, a JB Andrade nem mesmo fez lançamento oficial e já vendeu 100% das unidades de um dos quatro prédios recém-erguidos.

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Tapumes de volta à Zona Sul: a região é a locomotiva da retomada -
Tapumes de volta à Zona Sul: a região é a locomotiva da retomada – (Leo Lemos/Veja Rio)

Até o Centro, tradicional polo de escritórios, muitos agora vazios, está se saindo bem na seara residencial — em quatro dias, foram arrematados 75% de um empreendimento próximo à Rodoviária Novo Rio, da Cury Construtora. “Oferecemos preços atraentes junto a soluções modernas de arquitetura”, diz Marcelo Parreira, gerente-geral de incorporação da Tegra, que investe ainda no Skylux, outro no Centro, com apartamentos de 32 metros quadrados ou mais a 441 000 reais.

No rol dessa nova geração de compradores, há os que adquirem o primeiro imóvel da vida aproveitando as boas condições para financiar, a turma que vai em busca de algo melhor do que tem e um terceiro grupo, composto de investidores, que confia em uma futura valorização.

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Atento a essa leva de pessoas que querem investir, o mercado põe as fichas nos chamados estúdios, unidades menores, sem divisão entre quarto e sala e com maior potencial para o aluguel. Até 2019, a legislação proibia construções nessa modalidade em bairros nobres, mas uma mudança no Código de Obras do município alterou a regra — ela exigia, por exemplo, que um apartamento na Zona Sul tivesse pelo menos 60 metros quadrados. Pela lei atual, o mínimo é de 25 metros quadrados, valendo para quase toda a cidade, à exceção de Barra, Recreio, Vargens e Ilha do Governador.

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A pandemia também mudou o perfil do que mais se valoriza em um imóvel. “Antes, a primeira pergunta que me faziam era sobre vagas na garagem. Agora, é sobre área de lazer”, diz Henrique Blecher, sócio e CEO da Bait. Com mais tempo em casa, muita gente passou a querer varanda maior, um cômodo que faça as vezes de escritório e boa infraestrutura para internet. A cozinha também cresceu e o condomínio ganhou mais espaços, como zonas para recebimento de encomendas — tudo para atender a um novo estilo de vida, em que a casa virou home office.

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Nesse contexto, as coberturas, apesar do preço, são alvo de disputa hoje em dia. Tanto é que são as primeiras a esgotar nos lançamentos. “Hoje, temos mais de quinze clientes na fila à espera de unidades desse tipo em bairros como Ipanema, Leblon e Lagoa”, confirma Gabrielle Calcado, coordenadora comercial da Mozak. O segmento de luxo, aliás, não só não recuou na pandemia como, justamente o contrário, expandiu-se na casa dos 20%, e os empreiteiros esperam que a euforia de agora se estenda pelos próximos meses. “O risco de subida da inflação exige cautela, mas o dinamismo do setor deve se manter”, avalia Edivaldo Constantino, economista do Grupo Zap.

Embalados por essa expectativa, projetos como o do Opportunity Fundo de Investimento Imobiliário, que vai transformar o quase centenário Hotel Glória em prédio residencial, seguem firmes. Fechado desde 2013, o imóvel terá toda a fachada original revitalizada e ganhará 250 unidades de um a quatro quartos. Segundo o Sindicato dos Meios de Hospedagem do Rio, outros onze hotéis também poderão ser convertidos em locais de moradia, contribuindo ainda mais para a efervescência desse mercado. “Nosso principal foco hoje é comprar terreno”, afirma Marcel Vieira, diretor comercial da RJZ Cyrela, endossando o otimismo. São os bons ventos da economia.

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O novo normal
Os atributos mais procurados hoje pelos compradores na hora de arrematar um imóvel

ambientes bem divididos
Ambientes bem divididos: uma vantagem para quem passa mais tempo em casa – (Bait/Divulgação)

– 61% dão preferência a apartamentos com ambientes bem divididos

vista e varanda
Vista e varanda: opções privilegiadas em tempos de home office – (Cyrella/Divulgação)
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– Mais da metade privilegia edifícios com vista e varanda

comércio e serviços
Comércio e serviços: preferência para os moradores no dia a dia – (Cyrella/Divulgação)

– A maioria dos interessados quer uma vizinhança com comércio e serviços

Fonte: Pesquisa da Influência do Coronavírus no Mercado Imobiliário Brasileiro, do DataZAP+

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