Uma aeronave Boeing 727-200, de 52 metros de comprimento, estacionada em praça de pacata cidade do interior, e não é cena de novela. O avião faz parte de um circuito turístico que vai custar R$ 10 milhões à prefeitura de Barra do Piraí, onde se encontra o distrito de Ipiabas, palco do novo “monumento”, na região repleta de paisagens naturais e históricas conhecida como Vale do Café.
+ Elas estão exibidas! Baleias dão show em Ipanema e em Niterói
A gastança de dinheiro no conjunto de empreendimentos proposto pela prefeitura chamou a atenção do Ministério Público (MPRJ) e do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), e não encontra apoio da maioria entre os moradores locais. A ideia do prefeito Mario Esteves é implementar o “primeiro avião do metaverso do mundo”, dotando a aeronave, que já foi toda pintada pelo artista Marlon Muk, de ferramentas e instalações de realidade virtual.
O projeto, que gerou a destruição de uma quadra poliesportiva e a derrubada de mais de 40 árvores, já consumiu R$ 1 milhão. Outros R$ 600 mil foram para transporte e montagem do avião, que estava no Aeroporto Internacional Tom Jobim e, segundo a prefeitura, foi doado ao município.
O projeto inteiro da prefeitura para Ipiabas inclui também um vagão de trem que seria transformado em um bar de gelo; a reforma de uma estação de trem do século 19 que estava tombada; charretes elétricas; e uma Maria Fumaça entre o centro de Ipiabas a um casarão do século 19, parte da herança das fazendas de café.
Comerciantes e moradores da região, conhecida e visitada pelos encantos naturais, como cachoeiras, trilhas e sítios de interesse histórico, não estão satisfeitos com o projeto da prefeitura. As queixas se resumem na fala do comerciante Ricardo Augusto Gomes, que está há 29 anos na rua que será interditada para a Maria Fumaça:
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui
“Não houve conversa da gente. Foi feita a vontade superior do prefeito. Aqui é uma cidade rural, a pessoa quer uma experiência rural aqui. Ela não quer uma experiência de coisas que ela pode achar na cidade grande. Ela vem aqui pra descansar, ter conforto, ver bicho, aquela coisa toda. Não uma experiência contemporânea, como o prefeito quer colocar pra gente. A pessoa vem ter uma experiência histórica. A gente está dentro do circuito do café, dentro do Vale do Café, a gente faz parte disso”, disse Ricardo ao RJ TV.